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Petrobras muda política de remuneração e vai considerar dívida e caixa

29/08/2019 14h47

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras informou que o seu Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada na quarta-feira, a nova Política de Remuneração aos Acionistas, que passa a considerar parâmetros como endividamento e fluxo de caixa.

"Os critérios utilizados permitem equilibrar a remuneração aos acionistas com a sustentabilidade financeira da Petrobras e a manutenção de sua capacidade de investimento", disse a empresa em nota na noite de quarta-feira.

A principal alteração trazida pela nova política, segundo a Petrobras, é a definição de que, em caso de endividamento bruto inferior a 60 bilhões de dólares, a companhia poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos.

Em caso de endividamento bruto superior a 60 bilhões de dólares --caso atual--, a companhia poderá distribuir aos seus acionistas os dividendos mínimos obrigatórios previstos na lei e no seu Estatuto Social. O pagamento mínimo é 25% do lucro líquido ajustado.

"A nova política está em consonância com a estratégia de redução do endividamento da companhia e a busca pela maior geração de valor para os nossos acionistas", disse a empresa.

A dívida bruta da Petrobras (com IFRS 16) da companhia somava cerca de 101 bilhões de dólares ao final do segundo trimestre.

A petroleira vem adotando medidas robustas para a redução do endividamento, como planos de vendas multibilionárias de ativos e de redução de custos. No entanto, analistas de mercado não acreditam que será possível reduzir a dívida bruta para abaixo dos 60 bilhões de dólares até pelo menos o fim do próximo ano.

"Esperamos que os dividendos da Petrobras em 2019 e 2020 permaneçam ditados pelo requisito de pagamento mínimo da legislação societária brasileira de 25% do lucro líquido", afirmou o Credit Suisse, em relatório a clientes.

Apesar disso, a avaliação sobre a nova política foi positiva.

"Consideramos essa nova política qualitativamente positiva, pois incentiva os acionistas a se esforçarem para reduzir o endividamento", disse o Bradesco BBI, em relatório a clientes, ponderando acreditar que a nova política de dividendos deve ser implementada após 2022.

O Goldman Sachs apontou em relatório que a publicação da nova política foi positiva para melhorar a visibilidade dos acionistas em relação à remuneração. Para o banco, a Petrobras apenas terá dívida bruta abaixo dos 60 bilhões de dólares entre 2021 e 2024, dependendo do ritmo de vendas de ativos.

(Por Roberto Samora e Marta Nogueira; reportagem adicional de Paula Laier)