Petrobras prevê até 8 poços em 2020 e buscará reduzir riscos na exploração
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras planeja perfurar de sete a oito poços exploratórios em 2020, grande parte no pré-sal das Bacias de Campos e Santos, seu principal foco de investimento, afirmou nesta segunda-feira o diretor de Exploração e Produção da estatal, Carlos Alberto de Oliveira.
Os detalhes deverão ser apresentados pela empresa a investidores após a publicação de seu plano quinquenal de negócios, o que deverá ocorrer em breve.
Ao falar em evento da estatal Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), o executivo também comentou sobre um plano da empresa para aumentar cada vez mais as chances de descobrir petróleo ao perfurar um poço, até que seja possível eliminar completamente a fase exploratória de suas atividades até 2030.
"É uma ambição que a gente está se propondo... a gente ainda tem muitas etapas a cumprir", ponderou Oliveira a jornalistas.
"É um programa que lançamos internamente, não vimos um paralelo na indústria."
Ao longo dos próximos anos, a empresa irá trabalhar com diversas tecnologias, inclusive mecanismos para processamento de dados, para permitir que o grau de acertos na realização de poços seja cada vez maior.
A iniciativa foi batizada como EXP100, porque o objetivo da empresa é ter 100% de chance de descobrir petróleo na primeira perfuração. Atualmente, segundo o executivo, as chances ficam entre 50% e 70% nas áreas mais promissoras e a partir de 20% nas áreas de nova fronteira.
"2030 seria o caso extremo em que, em adquirindo uma área, a gente já vai direto para contratar o navio", afirmou.
Anteriormente, o executivo já havia anunciado durante a OTC Brasil, em outubro, que a empresa iria buscar reduzir o tempo entre uma descoberta de indícios de hidrocarbonetos e a produção de um campo para mil dias em águas profundas, até o fim da próxima década.
SUPERCOMPUTADOR
Em meio aos seus esforços para alavancar o desempenho operacional por meio de tecnologia, a Petrobras anunciou também nesta segunda-feira investimentos de 63 milhões de reais, realizados com seus parceiros no Consórcio de Libra, para ampliar a capacidade de processamento de um supercomputador.
Com o aporte, o equipamento chamado Santos Dumont passa a liderar o ranking dos computadores de mais alto desempenho da América Latina.
Segundo a empresa, Santos Dumont será capaz de processar um volume de até 4 quatrilhões de operações matemáticas por segundo (ou 4 PFlops), o equivalente à potência computacional gerada por 4 milhões de laptops típicos.
"A tecnologia será aplicada em pesquisas de exploração e produção de petróleo e gás e na análise de grandes massas de dados (geofísicos, geológicos e de engenharia) que demandem alta capacidade computacional para cálculos científicos, baseados em ferramentas de inteligência artificial e 'deep learning'", disse a empresa em release distribuído à imprensa.
A ênfase, apontou a Petrobras, será sobre estudos nas áreas de processamento sísmico e de simulação de reservatórios, além da otimização da perfuração de poços e dos projetos de produção, no pré-sal da Bacia de Santos e, em especial, no campo de Mero.
"A potência computacional da máquina reduzirá de 10 a 50 vezes o tempo de processamento sísmico, permitindo reduzir incertezas geológicas e aumentar o índice de sucesso exploratório --que consiste na identificação de petróleo comercialmente viável após a perfuração de um poço", afirmou.
Instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, o Santos Dumont poderá ser utilizado pela Petrobras, pelos parceiros tecnológicos do Consórcio de Libra e por toda a comunidade científica brasileira.
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