Ex-chairman do Fed Paul Volcker, domador da inflação, morre aos 92 anos
Por Daniel Trotta e Jonathan Spicer
WASHINGTON (Reuters) - Paul Volcker --ex-chairman do Federal Reserve que controlou a inflação nos Estados Unidos nos anos 1980 e décadas mais tarde inspirou duras reformas em Wall Street após a crise financeira global-- morreu nesta segunda-feira aos 92 anos, de acordo com sua filha Janice Zima.
Volcker, que segundo Zima estava sofrendo de câncer de próstata, foi o primeiro a trazer status de celebridade ao cargo de banqueiro central dos EUA, atuando como chairman do Federal Reserve de 1979 a 1987. Assim como seu sucessor, Alan Greenspan, Volcker podia acalmar ou animar os mercados financeiros com apenas um vago murmúrio.
Em 2018, ele publicou um livro de memórias e expressou preocupação com a direção do governo federal dos EUA e a perda de respeito por ele.
Em 2009, Volcker começou a atuar como consultor financeiro do presidente Barack Obama e enfrentou uma série de turbulências financeiras, resgates do governo e consequências da recessão mais profunda desde a Grande Depressão dos anos 1930.
Ao trabalhar para ajudar a economia norte-americana a se recuperar da crise de 2008, ele propôs o que ficou conhecido como regra de Volcker, que impedia os bancos de fazer investimentos de alto risco com o dinheiro dos depositantes. Desde que Donald Trump, que é a favor de menos regulamentação, se tornou presidente em 2017, a regra está sendo revisada.
Em 2018, quando o presidente Donald Trump atacava regularmente o Fed, chamando a instituição de "louca" por aumentar a taxa de juros, Volcker aconselhou o atual chairman Jerome Powell a simplesmente ignorar as críticas.
Volcker, que pisou no freio da economia como nenhum outro chair do Fed, também absorveu sua fatia de farpas dos parlamentares dos Estados Unidos na década de 1980. Mas ele enfrentou as críticas e também, em última instância, a inflação, que subira ao maior nível desde a década de 1940.
Volcker foi nomeado chairman do Fed por um presidente democrata, Jimmy Carter, e depois reconduzido por um republicano, Ronald Reagan. Ele estava há apenas alguns meses no cargo quando, em 6 de outubro de 1979, anunciou um aumento de 1 ponto na taxa de juros de desconto, para uma máxima histórica de 12%.
Outros custos de empréstimos seguiram e a taxa básica de juros subiu para um recorde de 20,5% em maio de 1981. O desemprego subiu para 11% e o país estava mergulhado em problemas econômicos. No entanto, entre 1980 e 1983, a inflação caiu de quase 15% para menos de 3%.
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