S&P eleva perspectiva para nota de crédito do Brasil, cita melhora de posição fiscal
SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A agência de classificação de risco de crédito S&P elevou nesta quarta-feira, de estável para positiva, a perspectiva para o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil, hoje em BB-.
Embora preveja que a relação dívida/PIB do país deva continuar a crescer nos próximos três anos, a agência citou a perspectiva de melhora da posição fiscal do país, após a aprovação da reforma da Previdência e com a perspectiva de continuidade da agenda fiscal em 2020.
"O viés positivo reflete perspectivas para uma elevação da nota em dois anos se progressos adicionais -sejam em priorização, aprovação ou execução-- da ampla agenda fiscal e de crescimento do governo permitirem uma redução mais rápida dos déficits fiscais do Brasil e uma estabilização da dinâmica de dívida", afirmou a S&P em comunicado.
A nota do país está três graus abaixo da categoria "grau de investimento", selo concedido a economias cujas dívidas soberanas são consideradas de baixo risco de calote.
O Brasil perdeu o grau de investimento em 2015 em meio à deterioração fiscal e à retração da economia. Desde então, a S&P foi a primeira das três grandes agências de risco a promover uma melhora na perspectiva da nota do país.
Citando as reformas econômicas já implementadas e o cenário de juros baixos e inflação controlada, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, havia dito na semana passada que esperava que a nota de crédito brasileira ganhasse viés positivo por pelo duas agências de classificação de risco nos próximos meses.
Em nota publicada após a decisão nesta quarta-feira, o Tesouro afirmou que o movimento da S&P corrobora a agenda de reformas econômicas implementadas pelo governo brasileiro.
"Nesse sentido, as medidas encaminhadas ao Congresso pelo governo, como, por exemplo, a proposta de emenda constitucional que reformula o pacto federativo e busca reduzir a rigidez dos gastos obrigatórios, mostram-se essenciais para a continuidade do ajuste fiscal, possibilitando a retomada do crescimento e uma melhora da avaliação pelas agências de rating internacionais", disse o Tesouro.
A S&P destacou que as medidas de consolidação fiscal promovidas pelo governo, aliadas à redução da taxa de juros e à agenda de reformas, devem contribuir para um crescimento mais forte e para perspectivas de investimentos ao longo dos próximos três anos.
Segundo a agência, a nota do país também pode ser elevada se a dinâmica de crescimento do PIB começar a se comparar mais favoravelmente com países de nível de desenvolvimento econômico semelhante. Uma melhora do rating também pode advir de um fortalecimento do perfil externo do país, a despeito da volatilidade global, disse a S&P.
"Alternativamente, desenvolvimentos econômicos ou de política que prejudiquem a aprovação e execução de reformas corretivas adicionais nos próximos dois anos, abalando as perspectivas para a redução dos déficits públicos e estabilização das tendências de dívida, assim como limitando as perspectivas de crescimento de médio prazo, nos levariam a revisar a perspectiva para estável", afirmou a agência.
(Por Aluísio Alves e Isabel Versiani)
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