Protegido por controles, peso argentino se destaca em meio a pandemia
Por Adam Jourdan e Rodrigo Campos
BUENOS AIRES/NOVA YORK (Reuters) - O peso argentino, uma das moedas globais com pior desempenho nos últimos dois anos, está agora em uma posição incomum: superando pares latino-americanos à medida que controles de capital o protegem artificialmente contra a pandemia de coronavírus.
A moeda, que perdeu cerca de três quartos do seu valor em relação ao dólar nos anos de 2018 e 2019, vem recuado lentamente este ano. Mas o peso evitou as quedas acentuadas sofridas pelos pesos mexicano e chileno, que atingiram mínimas históricas.
O destaque aparente, no entanto, oculta uma tensão borbulhante no peso argentino, dependente dos controles impostos no final do ano passado para impedir uma queda perigosa nas reservas, deixando a valorização oficial da moeda fora de sintonia com a realidade.
A taxa do mercado negro em negociações informais em dólares diverge acentuadamente da moeda spot oficial, com a diferença agora próxima de 40% e em níveis nunca vistos desde o final de 2015, sob a populista ex-presidente Cristina Kirchner.
Isso pode significar problemas pela frente.
"Quando o diferencial cresce, os preços e a inflação são menos determinados pela taxa oficial e mais pelo mercado informal", disse Armando Armenta, analista dos mercados de renda fixa e moedas da América Latina na AllianceBernstein. "Com um diferencial maior, a meta do governo de manter a inflação sob controle sem ter que queimar as reservas pode chegar a um ponto em que não funciona."
Os controles cambiais argentinos incluem uma tarifa de 30% sobre troca de pesos por dólares e gastos com cartão no exterior de contas argentinas, o que torna a taxa oficial de câmbio mais cara do que parece.
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