Pedidos por novo acordo da Opep+ aumentam em meio a preços baixos e demanda fraca
Por Maria Tsvetkova e Rania El Gamal e Alex Lawler
MOSCOU (Reuters) - Os produtores de petróleo precisam retomar a cooperação em uma tentativa de estabilizar o mercado global da commodity, disseram autoridades da Rússia e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), à medida que o setor encara colapsos de demanda e cotações causados pela pandemia de coronavírus e por uma crescente guerra de preços.
Um pacto de três anos entre a Opep e outros produtores, incluindo a Rússia (conhecido como Opep+), colapsou no início do mês, levando o cartel a remover limites de bombeamento a seus membros.
O aumento de oferta resultante da medida coincidiu com a queda da demanda, conforme governos de todo o mundo implementam isolamentos para retardar a propagação do vírus.
Esse duplo choque aos preços levou o petróleo Brent a uma mínima de 17 anos, sendo negociado a menos de 25 dólares por barril, e afetou as receitas dos produtores do combustível fóssil.
Uma das razões para o colapso do acordo da Opep+ foi a relutância da Rússia em apoiar cortes de oferta mais profundos.
Agora, porém, há sinais de que a posição russa possa estar perdendo força, com uma autoridade sênior do país afirmando à Reuters que um novo acordo da Opep+ poderá ser possível se outros países se unirem.
"Ações conjuntas dos países são necessárias para restaurar a economia (global)... Elas (ações conjuntas) também são possíveis no quadro do acordo da Opep+", afirmou Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia.
Ele e o ministro da Energia Alexander Novak foram os principais negociadores da Rússia no acordo de corte de produção com a Opep. O acordo existente expira em 31 de março.
Dmitriev se recusou a dizer quais países poderiam ser incluídos em um novo acordo.
Embora os Estados Unidos sejam o maior produtor global de petróleo que não faz parte da Opep+, a ideia de Washington cooperar com os demais países exportadores da commodity é, há muito tempo, considerada improvável, muito em função das leis antitruste norte-americanas.
No entanto, a situação sem precedentes em que os formuladores das políticas se encontram faz com que ideias antes vistas como impensáveis entrem em discussão.
A construção de uma aliança entre EUA e Arábia Saudita no setor petrolífero é uma das "muitas, muitas ideias" sendo consideradas por autoridades norte-americanas, disse na segunda feira o secretário de Energia dos EUA, Dan Brouillette, à Bloomberg TV, embora tenha acrescentado que é incerto se a ideia vai se transformar em uma proposta.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na semana passada que se envolveria na guerra de preços do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia no momento apropriado.
Pressionando ainda mais o cenário, o chefe da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que assessora os EUA e outros países industrializados, pediu na quinta-feira que a Arábia Saudita ajude a estabilizar o mercado.
A Opep, enquanto isso, pretende encontrar maneiras de apoiar o mercado. A Argélia, que ocupa a presidência do cartel neste momento, solicitou que uma reunião do Conselho Econômico do grupo ocorra no máximo até 10 de abril.
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