Adolescente ianomâmi morre de coronavírus em Roraima
Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - Um adolescente ianomâmi morreu em Roraima depois de ser diagnosticado com coronavírus, disseram autoridades de saúde nesta sexta-feira, renovando os temores de que a epidemia possa se proliferar na maior comunidade indígena do norte do Brasil.
Alvanei Xirixan, de 15 anos, morreu na noite de quinta-feira na unidade de terapia intensiva do principal hospital de Boa Vista, capital de Roraima, de acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), que é ligado ao Ministério da Saúde.
Antropólogos e especialistas de saúde alertam que o coronavírus pode ter um impacto devastador nos mais de 850 mil indígenas brasileiros, que são vulneráveis a doenças externas e cujo estilo de vida impossibilita o distanciamento social.
Mais de 26 mil ianomâmis moram na fronteira do Brasil com a Venezuela em uma reserva do tamanho de Portugal. Suas terras vêm sendo invadidas há anos por milhares de garimpeiros que levaram sarampo e outras doenças fatais para a tribo.
Xirixan era do vilarejo de Rehebe, junto ao rio Uraricoera, uma rota de acesso para os garimpeiros, e estava hospitalizado há uma semana, informou o Dsei nas redes sociais.
A entidade disse que os moradores de vilarejo com sintomas de coronavírus estão sendo isolados e que kits de exames estão sendo levados às pressas à reserva.
O jovem ianomâmi foi o terceiro indígena vitimado pela epidemia, que atualmente se alastra com força pelo país. As duas mortes anteriores foram de indígenas que moravam em áreas urbanas, sendo uma mulher de 87 anos do Pará e um homem de Manaus.
Quatro membros da tribo cocama, localizada no extremo norte do rio Amazonas, perto da Colômbia e do Peru, foram infectados depois que um médico que os atende foi diagnosticado com coronavírus.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, relatou o primeiro caso de infecção de coronavírus no povo ianomâmi na quarta-feira e disse que o governo planeja construir um hospital de campanha para tribos vulneráveis ao contágio.
"Estamos extremamente preocupados com as comunidades indígenas", disse.
O Brasil enfrenta uma disparada de casos de coronavírus, tendo relatado 17.857 até quinta-feira. O número de mortos dobrou em cinco dias e chegou a 941, segundo o ministério.
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
REUTERS PF
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