Entrevista de Mandetta incomoda, mas situação de ministro não muda
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A entrevista do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, caiu mal entre os aliados no Palácio do Planalto mas, apesar da avaliação que o ministro antagonizou gratuitamente com o presidente Jair Bolsonaro, a situação de Mandetta não deve mudar, ao menos por enquanto.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a entrevista pode ter abalado a frágil trégua a que se chegou no final da semana passada, depois de Mandetta quase ter perdido o cargo na segunda-feira. Alguns ministros militares, que tem defendido o ministro da Saúde, reclamaram da "quebra de hierarquia" do ministro, ao dar uma entrevista que soou como uma provocação ao presidente.
Ainda assim, a situação não deve mudar. "Não tem troca, nada muda", disse uma fonte.
Apesar do desgosto com a entrevista, não há a intenção de abalar de novo o governo com mais uma crise entre o presidente e o ministro, que mantêm uma relação de desconfiança mútua.
De acordo com uma fonte próxima ao ministro, não chegou a ele nenhum "recado" ou aviso sobre sua entrevista à TV Globo, mas uma reação mais forte do presidente era até mesmo esperada.
O ponto mais forte da entrevista foi quando Mandetta afirmou que havia uma dubiedade no discurso do governo.
"Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, uma fala unificada. Isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente, quem é que ele escuta", disse o ministro.
Uma outra fonte próxima de Mandetta, no entanto, avalia que isso não é diferente do que o ministro vem dizendo.
"Ele falou o que ele vem defendendo, não é novidade. Ele já falou isso para o presidente inclusive", disse a fonte.
Na semana passada, Mandetta saiu para a reunião ministerial convocada de última hora por Bolsonaro certo de que estava demitido, contou a fonte. O encontro foi "duríssimo" e nele Mandetta repetiu que não pediria demissão e perguntou porque então Bolsonaro não o demitia.
Antes do encontro, o presidente estava determinado a cumprir as ameaças que vinha fazendo na semana anterior, mas ao longo do dia foi convencido a não fazê-lo. Na reunião, Bolsonaro não demitiu seu subordinado e concentrou suas cobranças em relação ao uso da cloroquina.
No dia seguinte, Mandetta pediu uma audiência para Bolsonaro, convencido a abrir um caminho para uma trégua. Desde então, ambos voltaram a um acordo de manter a defesa do que cada um acredita, sem criticar abertamente o outro.
Na manhã desde segunda, ao sair do Alvorada, Bolsonaro foi perguntado sobre a entrevista do ministro. Sua resposta foi de que "não assistia à Globo".
Ao longo do dia, nem Bolsonaro nem seus filhos, que costumam insuflar as reações das redes sociais, comentaram ou citaram a entrevista do ministro.
No domingo, Mandetta acompanhou Bolsonaro na visita ao hospital de campanha construído em Águas Lindas (GO), cidade próxima a Brasília. Mas depois, perguntado, disse que não podia criticar, mas não aconselhava as aglomerações que se formaram de pessoas esperando para ver o presidente no lado de fora do local.
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