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Em fala conjunta, Guedes e Braga Netto sinalizam alinhamento

29/04/2020 20h07

BRASÍLIA (Reuters) - Em um esforço para sinalizar alinhamento, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Walter Braga Netto, indicaram em coletiva de imprensa nesta quarta-feira que há concordância no governo em torno da política para combate aos estragos econômicos causados pelo coronavírus na economia local.

"Realmente, foi um mal-entendido. Quero deixar claro que foi isso, tenho certeza disso, porque a forma como trabalhamos é essa. A Casa Civil tem o papel de coordenação dos diversos ministérios", disse Guedes, em uma aparente referência a notícias de que Braga Netto teria tomado a frente da articulação das políticas de retomada econômica.

O titular da pasta econômica também garantiu não ter havido "nenhum estresse com o chefe da Casa Civil" uma semana após o governo anunciar, em coletiva de imprensa no palácio do Planalto sem a presença de Guedes, diretrizes plano Pró-Brasil, comparado por alguns ao Plano Marshall, empregado pelos Estados Unidos para reconstrução da Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial com maciço financiamento público.

Em tom conciliatório nesta quarta-feira, Guedes também voltou a reafirmar que o governo do presidente Jair Bolsonaro tem de indicar que, passado o período de emergência pública da saúde, o país voltará a implementar uma atuação de ajuste fiscal das contas públicas.

"Nós temos que claramente sinalizar para todos os investidores, para a classe política, para os agentes econômicos, para todo mundo, que o Brasil tem rumo, tem programa. Nós vamos seguir com nosso programa econômico de transformação do Estado brasileiro", destacou.

Em alusão à manutenção do país nos trilhos do ajuste fiscal, Guedes pontuou que a aprovação de marcos regulatórios, como os de petróleo e gás, de saneamento básico e do setor elétrico garantiriam, cada um, 100 bilhões de reais em investimentos privados no país.

Braga Netto também reforçou a mensagem de alinhamento, afirmando "estamos juntos", durante aperto de mão com Guedes.

"Em nenhum momento se pensou em sair do programa, do trilho (do ajuste fiscal), como diz meu amigo Paulo Guedes, da Economia", disse o ministro da Casa Civil.

Nos bastidores, Guedes classificava como uma "traição" as ações do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que teria procurado ministros para colher sugestões de gastos para saída da crise. Antes de assumir o cargo, Marinho era figura de destaque da equipe econômica, tendo desempenhado o papel de secretário especial de Previdência e Trabalho do ministério. [nL2N2CC0DP]

Discorrendo sobre o pacote de auxílio a Estados e municípios, Guedes reafirmou que o valor transferido da União para esses entes deve girar em torno de 120 bilhões de reais, reiterando o auxílio do governo à população em um momento de emergência pública de saúde.

"Evidentemente, um governo do presidente Bolsonaro, que estava fazendo reformas estruturais, e em pouco mais de três semanas e meia, se transforma em um governo de medidas emergenciais, é claro que um governo, que estava no trilho, saiu do trilho para combater o incêndio na mata", expondo o combate do governo ao que classificou como "primeira onda", relacionada à saúde.

Otimista, Guedes disse que o Brasil vai surpreender o mundo com sua retomada econômica.

(Reportagem de Ricardo Brito e Gabriel Ponte)