Bolsonaro diz que câmbio foi tratado em reunião ministerial, mas que não iria adiantar "algo privilegiado"
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse no início da noite desta terça-feira que o tema dólar foi discutido "um pouco" em reunião ministerial de mais cedo, mas que não poderia comentar sobre o assunto porque estaria adiantando algo "privilegiado", o que "prejudicaria" o mercado, deixando em aberto se o governo está avaliando medidas para o mercado de câmbio.
"Não posso falar em dólar porque é informação sensível, e eu estaria adiantando aqui algo privilegiado, que prejudicaria o mercado", disse Bolsonaro a jornalistas.
"Mas eu não vou entrar em detalhes para vocês porque, assim como na reunião de 30 dias atrás, essa que foi analisada hoje tinha informações sensíveis", afirmou Bolsonaro sobre a reunião do conselho de ministros nesta terça.
O comentário do presidente sobre câmbio veio em resposta a uma pergunta sobre a avaliação dele a respeito da alta do dólar nesta sessão, após revelações de conteúdo de vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril --a mesma citada pelo ex-ministro Sergio Moro ao acusar Bolsonaro de tentativa de interferência política na Polícia Federal.
O mercado reagiu às informações sobre o conteúdo do referido vídeo, e o dólar, que começou o dia em baixa, passou a subir com as notícias e fechou esta terça em novo recorde histórico, a 5,8657 reais na venda. [nL1N2CU283] [nL1N2CU2OY]
A moeda norte-americana
O movimento tem levado o Banco Central a fazer atuações no mercado de câmbio. Ainda assim, alguns analistas têm adotado tom mais crítico em relação ao que consideram ser uma postura mais branda do BC em relação à intensidade da desvalorização cambial.
O mais recente ponto de discórdia de alguns no mercado veio da decisão do BC de aprofundar o corte de juros na semana passada --que acelerou a depreciação do real.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nos últimos meses que o patamar do câmbio é mais depreciado.
Alguns no mercado avaliam que a aparente menor preocupação com a alta do dólar combinada com vendas de reservas cambiais pelo BC e a intensificação de corte de juros pode ser parte de uma estratégia de redução da dívida pública, num momento em que o país vê deteriorada a percepção sobre as contas públicas.
(Por José de Castro e Gabriel Ponte)
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