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Dólar toma distância de R$6 após BC ofertar US$1 bi em swaps, mas segue em alta

14/05/2020 12h51

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar se afastou das máximas perto de 6 reais alcançadas mais cedo nesta quinta-feira, depois de o Banco Central anunciar oferta líquida de até 1 bilhão de dólares em contratos de swap cambial tradicional. Ainda assim, a cotação se mantinha em leve alta e acima de 5,90 reais, afetada pelo ambiente externo de maior risco e por persistentes incertezas locais.

O BC anunciou a oferta de swap às 11h15, quando o dólar estava pouco acima de 5,96 reais. Logo em seguida, a cotação desceu à casa de 5,93 reais, antes de marcar a mínima do dia, de 5,8880 reais, às 11h42.

Na máxima do dia, alcançada às 11h05, a divisa renovou seu recorde ao alcançar 5,9725 reais. O BC vendeu 17.800 contratos de swap (890 milhões de dólares), dos 20 mil disponibilizados.

Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, citou em nota ansiedade dos mercados internacionais nesta sessão devido a "uma segunda onda de infecção do coronavírus em alguns países e após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ter se mostrado bastante cauteloso sobre a possibilidade de uma recuperação econômica rápida após a pandemia".

Na quarta-feira, o chairman do Fed disse que os Estados Unidos podem enfrentar um "período prolongado" de crescimento fraco e renda estagnada, ao mesmo tempo em que descartou o uso de juros negativos como uma ferramenta de política monetária.

Em nota, o Bradesco disse que a decepção em relação às perspectivas para a política monetária norte-americana, bem como temores em relação a tensões entre EUA e China, ajudavam a impulsionar a aversão a risco global.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que está muito decepcionado com a China, uma vez que o novo coronavírus surgiu pouco depois de os dois países fecharem a Fase 1 do acordo comercial.

Enquanto isso, em evidência do cenário sombrio para a maior economia do mundo, mais 2,981 milhões de norte-americanos fizeram pedidos de auxílio desemprego na semana passada, à medida que as ações de contenção do coronavírus massacram o mercado de trabalho dos EUA.

No exterior, o cenário era misto para algumas moedas emergentes, com rand sul-africano em queda e peso mexicano e lira turca em alta.

Já no Brasil, "os ruídos políticos e os riscos fiscais não dão trégua", completou Guilherme Esquelbek.

Nas últimas semanas, após a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça, a política brasileira tem sido marcada pela incerteza, principalmente em meio a acusações de que o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado uma mudança na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro por motivos pessoais.

O presidente afirma que não citou a PF durante reunião ministerial do mês passado que está no centro do um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em meio a cenário externo cauteloso, política doméstica tensa e ambiente de juros baixos, o dólar já acumula alta de mais de 47% contra o real no ano de 2020, chegando a ficar nesta quinta a menos de 3 centavos da marca de 6 reais.

Na quarta-feira, o Credit-Suisse disse que vê a moeda a 6,20 reais no curto prazo, dizendo que um arrefecimento dependerá de fatores externos.

Na quarta-feira, a moeda norte-americana negociada no mercado spot teve alta de 0,61%, a 5,9012 reais na venda, máxima recorde nominal para um encerramento de sessão.

(Edição de José de Castro)