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Eneva recua em apetite pela AES Tietê e não prevê nova oferta no momento

18/05/2020 11h07

SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Eneva recuou do apetite por uma combinação de negócios com a AES Tietê após ter uma primeira oferta recusada pela empresa do grupo norte-americano AES e não tem planos por ora para uma nova proposta, disse nesta segunda-feira o presidente da companhia, Pedro Zinner.

A Eneva apresentou em 1° de março uma oferta hostil que previa uma união de ativos com a AES Tietê. O negócio envolveria o pagamento pela empresa de cerca de 6,6 bilhões de reais aos acionistas da AES Tietê, sendo 2,75 bilhões de reais em dinheiro e o restante em ações.

A transação foi rejeitada pelo conselho de administração da AES Tietê em meados de abril, com representantes da empresa alegando que o valor proposto subavaliava seus ativos e que a operação não faria sentido estratégico, uma vez que a companhia tem focado em renováveis enquanto a Eneva concentra investimentos em ativos termelétricos com combustíveis fósseis.

"No atual momento, nossa decisão é realmente concentrar os esforços na execução de nosso plano estratégico. No momento não pretendemos apresentar uma nova proposta pela AES Tietê", disse o CEO da Eneva, ao responder pergunta de um analista em teleconferência sobre os resultados da empresa.

No final de abril, após o conselho da AES Tietê ter rejeitado sua proposta, a Eneva informou em comunicado que seguia estudando junto a assessores financeiros a possibilidade de formular uma nova oferta pela empresa.

Agora, ao oficializar um recuo em relação ao possível negócio envolvendo a rival, o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, disse que a empresa ainda segue avaliando outras oportunidades de negócio.

"O momento, também, é de dificuldades financeiras de outras empresas e outros projetos, que acabam levantando outras oportunidades. A gente está olhando essas coisas aqui, continuamos ativos olhando o crescimento da companhia", afirmou ele, sem detalhar.

CORONAVÍRUS E CRONOGRAMAS

A pandemia de coronavírus tem impactado em alguma medida o cronograma de projetos da Eneva, uma vez que alguns fornecedores indicaram atrasos, alegando terem sido impactados por motivos de "força maior", disseram executivos da empresa.

Na construção da termelétrica Jaguatirica, em Roraima, a Eneva indicou 30 dias de atraso no momento, enquanto na térmica Parnaíba V, no Maranhão, a análise da empresa aponta atraso de 60 dias, "revisando a entrada em operação para setembro de 2021", segundo apresentação da companhia.

Houve ainda identificação de infecções por Covid-19 entre operários envolvidos nas obras da UTE Parnaíba, enquanto os trabalhos nos poços de gás de Azulão estão com efetivo reduzido em 30% devido a ações para conter casos do vírus.

O diretor de Operações da Eneva, Lino Cançado, disse que a empresa está recebendo agora 6 mil testes de coronavírus e já encomendou mais kits para aplicação em seus trabalhadores.

"Mais testes serão encomendados e serão entregues regularmente para as operações. A força de trabalho será testada em 100% para afastar possíveis vetores de contaminação", afirmou.

A Eneva registrou lucro líquido de 179,8 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 38,5% na comparação com mesmo período do ano anterior. A empresa investiu 525 milhões de reais nos primeiros três meses do ano, com avanço de 482% na comparação anual.

Os executivos da Eneva destacaram também a posição de liquidez da companhia, que encerrou março com 1,6 bilhão de reais em caixa.

Esse valor soma-se a 1,84 bilhão de reais em financiamentos que devem ser desembolsados para a empresa nos próximos meses e 500 milhões de reais em captações de curto prazo junto ao China Construction Bank (90 milhões) e via debêntures (410 milhões).

"Estamos passando uma das maiores crises dos tempos modernos e a companhia está com balanço saudável, com liquidez... isso nos dá tranquilidade para seguirmos firmes com nossos projetos de crescimento", disse o CEO na teleconferência.

(Por Luciano Costa)