Ibovespa fecha em queda com dúvidas sobre Covid-19 no horizonte
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira em meio a ajustes após o rali da véspera, uma vez que permanecem incertezas sobre a pandemia de coronavírus nas economias, além de receios com o risco de uma segunda onda de contaminação pelo vírus.
Bancos pressionaram na ponta de baixa, com Itaú Unibanco caindo mais de 4%, enquanto Vale e ações de varejo figuraram entre os destaques de alta.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,56%, a 80.742,35 pontos, tendo oscilado dos 80.647,02 pontos aos 82.174,55 pontos. O volume financeiro somou 24,5 bilhões de reais.
Para o gestor Alfredo Menezes, da Armor Capital, uma retomada mais consistente nos mercados ainda depende de uma vacina ou medicamento eficaz contra o Covid-19, ou as pessoas continuarão temerosas para retomar suas rotinas e isso seguirá pressionando as economias.
"É muito importante eliminar o medo das pessoas, e isso só vai ocorrer com a vacina ou remédio eficiente", afirmou, acrescentando ainda que nesse cenário a recuperação da atividade econômica seria mais rápida.
Na véspera, parte relevante da euforia nos mercados - o Ibovespa fechou com a maior alta em seis semanas - refletiu anúncio da norte-americana Moderna de que sua vacina experimental contra a Covid-19 mostrou potencial em um estudo muito limitado e de estágio inicial.
Nesta sessão, reportagem do STAT News --voltado para temas de saúde-- questionou a validade dos resultados do teste de vacina da Moderna.
Atualmente não existem tratamentos ou vacinas aprovados para a Covid-19 e especialistas preveem que uma vacina segura e eficiente pode demorar de 12 a 18 meses.
Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou com variação negativa de 1,05%, tendo ainda no radar resultados corporativos e novas declarações do chairman do Federal Reserve.
Investidores também repercutiram a possibilidade de fechamento da B3 em razão da antecipação de feriados na cidade de São Paulo decretada como medida de combate ao Covid-19, mas na parte da tarde a operadora da bolsa comunicou que manterá todas as suas atividades nos próximos dias.
"A grande questão do feriado é a surpresa. Ser pego de surpresa não é algo que os investidores costumam gostar", afirmou o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 4,32%, pior desempenho entre os grandes bancos de varejo, que seguem pressionados pelas perspectivas desfavoráveis para a economia brasileira, além de potenciais medidas nocivas ao setor financeiro como alternativas para atenuar o impacto econômico do Covid-19. BRADESCO PN cedeu 2,94%.
- VALE ON subiu 2,3%, com os futuros do minério de ferro na China avançando pelo quinto dia consecutivo nesta terça-feira, sustentados por uma perspectiva positiva para a demanda doméstica. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON fechou em alta de 5,56%.
- PETROBRAS PN valorizou-se 0,76%, em sessão de desempenho misto dos contratos do petróleo no exterior, com o noticiário da companhia contemplando declarações do presidente da petrolífera, Roberto Castello Branco, de que prevê anunciar em pouco tempo notícias relacionadas à venda de ativos. PETROBRAS ON caiu 0,62%.
- GOL PN e AZUL PN recuaram 6,28% e 5,14%, respectivamente, após forte valorização na véspera, conforme o dólar voltou a subir ante o real e permanece nebuloso o cenário para a recuperação das companhias aéreas. Na segunda-feira, Gol fechou em alta de 14,46% e Azul disparou 29,87%. Perto do final do pregão, Gol anunciou um aumento de sua malha aérea em junho ante maio. [L1N2D12B3]
- B2W ON subiu 9,56% e MAGAZINE LUIZA ON avançou 5,08%, em meio a perspectivas mais favoráveis para o comércio eletrônico em meio à pandemia. VIA VAREJO ON ganhou 4,74%, tendo ainda de pano de fundo confirmação crédito fiscal de 374 milhões de reais em caso sobre base de cálculo de PIS/Cofins.
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