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Petrobras eleva preço médio da gasolina em 12%; alta em maio soma 38%

Por Marta Nogueira e Roberto Samora
Imagem: Por Marta Nogueira e Roberto Samora

Marta Nogueira

20/05/2020 12h22

Por Marta Nogueira e Roberto Samora

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras aumentará os preços médios da gasolina em suas refinarias em 12% a partir de quinta-feira, na terceira alta em maio, com um avanço acumulado de cerca de 38% neste mês, na esteira de uma recuperação recente das cotações do petróleo e seus derivados no mercado externo.

As demais elevações da gasolina da petroleira estatal vendida às distribuidoras neste mês ocorreram nos dias 7 e 14, de 12% e 10%, respectivamente.

Os reajustes na gasolina ocorrem após o preço do petróleo Brent, referência internacional, ter avançado também cerca de 40% em maio, reagindo a cortes de produção de grandes produtores e a um relaxamento de medidas de isolamento contra o coronavírus em países da Europa e nos Estados Unidos.

Ainda assim, os valores da gasolina da Petrobras neste ano ainda acumulam queda de 34%, depois do mercado de petróleo ter sofrido fortemente com uma desaceleração da economia global, diante de impactos da pandemia. O recuo acumulado do Brent neste ano é de aproximadamente 47%.

A alta da gasolina pode ser encarada como uma boa notícia para a indústria de etanol no Brasil, mas o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, pondera que o setor também tem sido afetado por uma queda de preços e de demanda no mercado interno.

Ele lembrou que o etanol hidratado era cotado na usina de São Paulo acima de 2 reais por litro antes das medidas de combate ao coronavírus, e agora está em torno de 1,40 real.

"(Etanol) abaixo de 1,81 real é prejuízo", disse, ressalvando que esse valor considera uma usina eficiente.

Diante dessa situação, ele falou que o setor mantém pedido ao governo de financiamento para capital de giro com garantia na estocagem de etanol, após o presidente Jair Bolsonaro ter negado uma reivindicação para aumentar a Cide na gasolina, o que poderia elevar a competitividade do combustível renovável.

A estocagem de etanol permitiria que o setor postergasse vendas de etanol, o que sustentaria mais os preços, concentrando-se no açúcar, que tem tido melhor desempenho por ser um produto majoritariamente de exportação do segmento, que conta com um câmbio favorável para vendas externas.

Segundo cálculos da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), haveria espaço para a gasolina vendida pela Petrobras estar mais valorizada, considerando a paridade de importação, o que viabilizaria mais negócios com o produto importado e até um valor mais favorável às usinas de cana.

Para a Abicom, a defasagem da gasolina na comparação com o mercado externo é de 0,24 real por litro, enquanto no caso do diesel é de 0,26 real por litro, após a Petrobras ter mantido estável o valor deste último combustível.

"Com o fim do isolamento em algumas cidades o consumo dos combustíveis está gradualmente aumentando, e com isto estamos verificando aumentos sucessivos nas cotações internacionais", disse o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.

"A Petrobras está acompanhando as variações, porém para alcançar a paridade compromissada no TCC assinado em 2019 (com o Cade), deveria aumentar seus preços do diesel e da gasolina em aproximadamente 18%."

DIESEL

A manutenção foi definida após a companhia elevar na terça-feira em 8% o preço do diesel para as distribuidoras, na primeira alta aplicada ao combustível fóssil pela petroleira neste ano.

No caso do diesel --um produto sensível aos caminhoneiros, categoria que costuma apoiar o presidente da República Jair Bolsonaro-- a queda acumulada do preço da Petrobras no ano é de cerca de 40%.

O repasse dos reajustes nas refinarias até os consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biocombustíveis.

A estatal tem uma política de preços que busca seguir valores de paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio. No entanto, tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.

(Por Marta Nogueira e Roberto Samora)