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Ipiranga defende simplificação de normas para biocombustíveis

Para distribuidora, discussão atual sobre biodiesel foi judicializada após alegada escassez de oferta de matéria-prima - Jamil Bittar
Para distribuidora, discussão atual sobre biodiesel foi judicializada após alegada escassez de oferta de matéria-prima Imagem: Jamil Bittar

Roberto Samora

Da Reuters, em São Paulo

18/08/2020 16h31

A Ipiranga, uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, avalia que a discussão atual sobre o biodiesel, que acabou judicializada após uma alegada escassez de oferta de matéria-prima, demonstra uma "clara" necessidade de se reduzir e simplificar o volume de normas e regulamentações sobre biocombustíveis.

Para a Ipiranga, do grupo Ultra, as mudanças passariam, por exemplo, por uma revisão do modelo atual de leilões de biodiesel, as restrições de importação e as obrigações de compra e estoques de etanol anidro.

"Esses são aspectos que apenas dificultam o desenvolvimento dos biocombustíveis no Brasil, pois criam regras artificiais que limitam a atuação livre dos agentes no mercado", afirmou a empresa em nota enviada à Reuters.

A Ipiranga entende que o percentual de mistura e o Programa RenovaBio já representam dois pilares fundamentais de incentivo aos biocombustíveis, "e que é preciso proporcionar mais liberdade aos agentes de mercado, não apenas para regular oferta e demanda, mas também para que seja possível um ambiente com mais investimentos em inovação, melhoria de qualidade, novas tecnologias e produtividade".

"Somos totalmente favoráveis ao maior mix de biocombustíveis na matriz brasileira, mas entendemos que esse avanço requer maior incentivo aos mecanismos de mercado em detrimento de artificialismos regulatórios", disse o diretor de Operações da Ipiranga, Francisco Ganzer, no comunicado.

Os comentários foram feitos no dia em que a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) conseguiu na Justiça suspender leilão de biodiesel que havia sido remarcado para esta terça-feira pela reguladora ANP para atender a uma mistura menor no diesel do que a original.

O leilão foi remarcado após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ter anunciado o cancelamento do certame original, que já havia comercializado mais de 1 bilhão de litros, segundo dados de outra associação do setor, a Abiove.

O cancelamento do leilão foi anunciado após o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ter surpreendido o segmento do biodiesel com anúncio em evento online sobre a redução na mistura de 12% para 10% para o atendimento da demanda nos meses de setembro e outubro.

O ministro alegou problemas na oferta de matéria-prima. No Brasil, mais de 70% do biodiesel é produzido a partir de óleo de soja, oleaginosa que vem sendo muito demanda para a exportação neste ano.