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Varejo tem recorde de vendas em agosto com impulso de auxílio emergencial, diz IBGE

Funcionário de comércio em São Paulo aplica álcool em gel nas mãos de cliente - Patricia Borges / Estadão Conteúdo
Funcionário de comércio em São Paulo aplica álcool em gel nas mãos de cliente Imagem: Patricia Borges / Estadão Conteúdo

Por Isabel Versiani e Rodrigo Viga Gaier

08/10/2020 09h03Atualizada em 08/10/2020 13h27

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro avançaram 3,4% em agosto sobre o mês anterior, na série com ajuste sazonal, e atingiram o maior volume da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial, mostraram dados divulgados hoje.

O volume de vendas no varejo restrito, assim, ficou 2,6% acima do pico anterior, registrado em outubro de 2014.

Esse foi o quarto mês consecutivo de crescimento do varejo desde a queda de quase 17% registrada em abril sob o impacto das restrições à movimentação em meio à pandemia da covid-19. Sobre agosto do ano passado, a alta foi de 6,1%.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 3,1% na comparação mensal em agosto e de avanço de 7% sobre um ano antes.

No ano, o volume de vendas seguem em queda, de 0,9%, e, em 12 meses, há alta acumulada de 0,5%.

Para o gerente da pesquisa mensal do comércio do IBGE, Cristiano Santos, o desempenho recente do varejo "tem muito a ver com o auxílio emergencial, que aumentou a renda das famílias de menor renda, e com juros mais baixos, que ampliaram a oferta de crédito".

"Isso influenciou no comportamento de sair do fundo do poço muito fundo para o topo do poço", afirmou a jornalistas. Segundo ele, em agosto o setor ficou 8,9% acima de fevereiro.

O comércio varejista ampliado, que inclui também veículos e materiais de construção, cresceu 4,6% sobre julho.

7 entre 10 atividades têm alta

Segundo o órgão, sete das dez atividades pesquisadas no varejo ampliado tiveram resultados positivos na comparação com julho, na série com ajuste sazonal. Os principais destaques foram tecidos, vestuário e calçados (+30,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (+10,4%) e veículos e motos, partes e peça (+8,8%).

Na ponta oposta, houve forte queda nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-24,7%) e recuo também no grupo de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,2%) e de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%).

O economista Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, afirmou em nota a clientes que as vendas no varejo têm apresentado uma sólida recuperação desde abril, "apoiadas por grandes transferências de renda decorrentes de aumento de gasto fiscal e pelo relaxamento gradual dos protocolos de distanciamento social".

"No entanto, um quadro doméstico ainda muito complexo no que diz respeito ao vírus da Covid e a provável redução do estímulo fiscal antes do final do ano podem suavizar/enfraquecer o ritmo da recuperação", acrescentou.