Planalto exonera de vice-liderança do governo senador que escondeu dinheiro na cueca
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto exonerou o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) da vice-liderança do governo no Senado na manhã desta quinta-feira, depois de Rodrigues ter sido pego em uma operação da Polícia Federal com dinheiro escondido na cueca
A dispensa foi publicada em edição extra do Diário Oficial e informa que a exoneração foi a pedido do senador. Não foi apontado ainda um substituto.
A dispensa foi confirmada em nota pela Secretaria de Comunicação da Previdência, citando o envolvimento no senador em uma investigação que apura o desvio de 20 milhões de reais na Saúde.
Mais cedo uma fonte disse à Reuters que Rodrigues sairia da vice-liderança por não ter mais condições de ficar no cargo depois da operação da PF, "um fato lamentável sob todos os aspectos."
Em conversa com apoiadores, ao sair do Alvorada na manhã desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro reafirmou que não existe corrupção no seu governo e que a operação que atingiu Chico Rodrigues era um orgulho, mas não citou diretamente o senador.
“Parte da imprensa me acusando do cara ser meu amigo, eu coloquei como vice-líder e que eu não combato a corrupção. Vamos deixar bem claro, essa operação da Polícia Federal de ontem, como metade das operações, foi em conjunto com Controladoria-Geral da União. Ou seja, nós estamos combatendo a corrupção. Não interessa quem seja a pessoa suspeita”, disse Bolsonaro quando perguntado sobre a operação em Roraima.
O presidente destacou que algumas pessoas acham que toda corrupção tem a ver com o Executivo.
Durante a operação na quarta-feira que apurava desvios de recursos públicos oriundos de emendas parlamentares para uso no combate à pandemia de Covid-19, Rodrigues, segundo uma outra fonte, foi encontrado pelos policiais com dinheiro escondido nas nádegas.
Em comunicado ao líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), o senador informou que estava deixando a vice-liderança e disse confiar na Justiça, além de reforçar seu apoio a Bolsonaro.
"Acreditando na verdade, estou confiante na Justiça, e digo que, logo tudo será esclarecido e provarei que nada tenho haver com qualquer ato ilícito de qualquer natureza", disse Rodrigues.
"Acredito nas diretrizes que o grande líder e Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro usa para gerir a nossa nação", acrescentou. "Vou cuidar da minha defesa, e provar minha inocência."
SEM INTERFERÊNCIA
Ao comentar o caso, o vice-presidente Hamilton Mourão havia defendido que Rodrigues se afastasse por iniciativa própria da vice-liderança do governo.
"Seria bom se ele se afastasse voluntariamente. Até para se defender das acusações mais livremente", disse.
Mourão também concordou com o presidente ao dizer que o senador Rodrigues não pode ser considerado membro do governo, mas uma "linha auxiliar", e que seria diferente se fosse um caso de corrupção envolvendo um ministro ou membro do primeiro escalão do governo.
O vice-presidente afirmou ainda que o caso é uma demonstração de que não há interferência do presidente na PF. "Se a pessoa está medida em uma atividade ilegal a PF tem toda liberdade para agir", disse.
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