Ministério Saúde colocará vacina da Sinovac contra Covid-19 em Programa Nacional de Imunização
Por Lisandra Paraguassu e Eduardo Simões
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A potencial vacina da chinesa Sinovac contra a Covid-19 será incorporada ao calendário do Programa Nacional de Imunizações, afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com governadores nesta terça-feira, apesar das críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro ao imunizante que será produzido no país pelo Instituto Butantan.
Em vídeo com fala do ministro durante o encontro divulgado no Twitter do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Pazuello destacou que o imunizante que está sendo produzido pelo Butantan será uma vacina brasileira como diversas outras produzidas no instituto, que é ligado ao governo paulista.
"O Butantan já é o grande fabricante de vacinas para o Ministério da Saúde, para o SUS. Setenta e cinco por cento das vacinas que nós compramos para vacinar os brasileiros vêm do Butantan. O parque fabril deles é muito potente", disse Pazuello.
"E essa vacina da Sinovac é a mesma tecnologia que o Butantan usa para as demais vacinas H1N1 e outras. As vacinas são de todos os brasileiros, são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde e vão ser distribuídas pelo Plano Nacional de Imunização".
A decisão do ministério foi tomada após governadores levantarem a preocupação de que a disputa política entre Doria e Bolsonaro evitasse que o governo federal adotasse a vacina chinesa, chamada de Coronavac, que tem um cronograma mais adiantado do que a vacina da AstraZeneca que já foi contratada pelo ministério.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), um dos presentes ao encontro, afirmou que a reunião serviu para se começar a pensar em uma proposta para uma estratégia de vacinação em todo país.
"O ministro já anunciou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem interesse em adquirir vacinas ao mesmo tempo e trabalhar com as mais diversas vacinas existentes", disse ao sair do encontro.
A expectativa do ministério, segundo disse Pazuello aos governadores, é que a vacina da Sinovac esteja disponível a partir de janeiro de 2021.
Na semana passada, o governo de São Paulo apresentou dados das primeiras fases de testagem da Coronavac. De acordo com o coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19 no Estado, João Gabbardo, a vacina teria tido 98% de eficácia comprovada e sem efeitos colaterais graves.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que os efeitos registrados até agora são apenas de dor de cabeça leve em alguns casos e dor no local da picada
Em nota, o governo de São Paulo confirmou que chegou a um acordo com o Ministério da Saúde para aquisição pelo governo federal de 46 milhões de doses da Coronavac até dezembro de 2020, após aprovação do medicamento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O próprio ministério divulgou nota, pouco depois com a mesma informação.
A inclusão da vacina no calendário nacional de imunizações não significa obrigatoriedade de vacinação, mas que o governo federal vai disponibilizar o medicamento para todo país em determinada época, como se faz atualmente com a vacina contra a influenza.
A obrigatoriedade ou não de pessoas serem vacinadas virou mais uma disputa política entre Bolsonaro e Doria. Depois de o governador afirmar que em São Paulo a vacina seria obrigatória, Bolsonaro reiterou por diversas vezes que o Ministério da Saúde não determinaria a imunização compulsória.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)
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