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Opep+ vive impasse sobre aumento de produção; retomará negociações na terça

04/01/2021 17h10

Por Ahmad Ghaddar e Rania El Gamal e Olesya Astakhova

LONDRES/DUBAI/MOSCOU (Reuters) - A Opep+ vai retomar negociações na terça-feira após chegar a um impasse quanto aos níveis de produção de petróleo que deverão ser vistos em fevereiro, já que a Arábia Saudita se opõe a um bombeamento maior, em função da imposição de novos "lockdowns", mas a Rússia defende um aumento de produção, citando a recuperação da demanda.

A decisão incomum de prorrogar as negociações para um segundo dia foi tomada após um debate de três horas na reunião virtual da Opep+, que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros produtores, incluindo a Rússia. As conversas deverão ser retomadas às 11h30 (horário de Brasília) de terça-feira.

Fontes da Opep+ disseram à Reuters que Rússia e Cazaquistão apoiaram o aumento da produção, enquanto Iraque, Nigéria e Emirados Árabes Unidos sugeriram manter o bombeamento estável.

No domingo, o secretário-geral da Opep, Mohammad Barkindo, havia alertado especialistas da Opep+ para os riscos de queda que o mercado do petróleo enfrenta.

Nesta segunda-feira, o ministro de Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que a Opep+ deve ser cautelosa mesmo com um ambiente majoritariamente otimista no mercado, já que a demanda segue frágil e a nova variante do coronavírus é imprevisível.

"Em várias partes do mundo, onde os índices de infecção aumentaram de forma preocupante, uma nova onda de 'lockdowns' e restrições está sendo implementada, o que inevitavelmente vai impactar a taxa de recuperação econômica desses países", afirmou.

Com os contratos futuros do petróleo Brent se mantendo acima dos 50 dólares por barril, a Opep+ aproveitou a oportunidade para aumentar a produção em 500 mil barris por dia (bpd) neste mês, e analisa a eventual possibilidade de flexibilizar ainda mais os cortes, que atualmente atingem 7,2 milhões de bpd.

Os produtores da Opep+ têm reduzido o bombeamento desde janeiro de 2017, visando dar suporte aos preços e reduzir o excesso de oferta da commodity. Os cortes chegaram a um recorde de 9,7 milhões de bpd em meados de 2020, diante dos impactos da Covid-19 sobre a demanda por gasolina e combustível de aviação.

(Reportagem de Alex Lawler em Londres, Rania El Gamal em Dubai, Vladimir Soldatkin e Olesya Astakhova em Moscou)