Dólar sofre virada e salta 1% com temor fiscal doméstico
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de câmbio sofreu uma reviravolta nesta quinta-feira e o dólar saltava mais de 1%, depois de cair na mesma intensidade pela manhã, com analistas voltando a citar riscos fiscais em meio à percepção de desorganização no enfrentamento da pandemia.
O dólar havia caído 1,49% na mínima de mais cedo, influenciado pelo ambiente externo positivo e pela leitura de que o Banco Central se encaminha para subir a Selic.
Mas a moeda passou a ganhar tração perto das 11h e, pouco depois de 12h30, bateu a máxima do dia --de 5,3783 reais, em alta de 1,27%.
Às 12h56, o dólar spot subia 1,04%, a 5,3662 reais na venda.
Outros mercados brasileiros também pioraram o sinal. O Ibovespa caía 1,3%, voltando à casa de 118 mil pontos, e os juros futuros saltavam cerca de 16 pontos-base.
Profissionais comentaram que declarações do candidato à presidência do Senado Federal Rodrigo Pacheco (DEM-MG) de que haverá discussão sobre nova ajuda a famílias na primeira semana do novo comando do Congresso e de que será preciso sacrifício de premissas econômicas para manter o socorro pressionaram os ativos financeiros.
Pacheco é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
O agravamento da pandemia em meio à percepção de desorganização no governo tem tido efeitos sobre a popularidade do presidente Bolsonaro e, por sua vez, alimentado temores no mercado de criação de mais despesas --o que ameaçaria o teto de gastos, visto pelo mercado como âncora fiscal do país.
"As apostas contra o real estão aumentando nos mercados spot e futuro. Ninguém quer pegar o Brasil, até porque não tem nenhuma regra que oriente a política fiscal", disse um profissional de um grande banco estrangeiro.
Esse profissional comentou que mesmo a interpretação do comunicado do Copom tem sido dispersa entre analistas. Segundo ele, há quem tenha entendido que o Bacen, por não aumentar o juro agora nem sinalizar alta na reunião de março, "vai incorrer no risco de mais depreciação do real".
O real saiu do melhor desempenho global da sessão para ocupar a ponta de baixo, descolando da grande maioria de seus pares, enquanto o índice do dólar recuava 0,26%. Investidores apostam que um grande pacote de estímulo nos EUA sob o governo Joe Biden e o apoio dos bancos centrais globais amortecerão danos econômicos causados pelo choque do coronavírus.
(Por José de Castro)
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