ENTREVISTA-Ibitu Energia avalia aquisições e pode anunciar novo projeto em meses
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Ibitu Energia, empresa de renováveis controlada pela gestora de recursos norte-americana Castlelake, tem avaliado possíveis aquisições de usinas eólicas ou solares em operação no Brasil, enquanto também avança em negociações para viabilizar novos projetos de geração com essas fontes.
O presidente da companhia, Gustavo Ribeiro, disse à Reuters que os novos empreendimentos devem ser viabilizados por meio da venda da produção futura no mercado livre de eletricidade, onde empresas com grande consumo, como indústrias, negociam diretamente contratos e preços com empresas de energia.
"Acho que nos próximos meses a gente deve anunciar algum início de desenvolvimento, de construção de projetos, estamos muito próximos disso", afirmou o executivo.
Ele não comentou investimentos previstos e disse que a empresa ainda não decidiu se esses primeiros projetos seriam eólicos ou solares, uma vez que ambas as fontes estão hoje em nível muito próximo de competitividade, após uma acentuada queda dos preços de equipamentos fotovoltaicos nos últimos anos.
O desenvolvimento de novas usinas a partir do zero deve ser o foco da Ibitu, mas a empresa pretende também realizar aquisições, preferencialmente envolvendo parques eólicos e solares de maior porte, entre 300 megawatts e 400 megawatts, segundo o CEO.
Mas, embora especialistas tenham chegado a projetar que a pandemia de Covid-19 poderia impulsionar diversas operações de fusões e aquisições no setor de energia, na prática o que se vê no mercado é uma disputa acirrada pelos ativos à venda, além de muitas operações envolvendo projetos pequenos, disse Ribeiro.
"Acho que todo mundo pensou que haveria um caminhão de oportunidades, nas na prática não é a realidade. Temos visto um mercado extremamente escasso de oportunidades com tamanho relevante, que façam sentido", afirmou.
A Ibitu prevê investir até 5 bilhões de reais no Brasil em cerca de cinco anos, mas não há um ritmo previsto para os aportes.
COMERCIALIZAÇÃO
A estratégia da Ibitu envolve a venda da produção dos projetos por meio de uma comercializadora de energia própria, mas a empresa tem apostado em um modelo diferente do adotado por muitos concorrentes, ao buscar negociações em prazos menores, disse o CEO.
Recentemente, diversas elétricas com atuação no Brasil têm anunciado contratos de longo prazo (PPAs) para fornecer a energia de usinas de geração renovável a grandes empresas, em acordos que chegam a até 20 anos. Esses contratos são depois usados como garantia em financiamentos.
"A gente vem trabalhando junto ao mercado financeiro para adequar novos produtos que estamos desenvolvendo, criando a 'bancabilidade' dos projetos por meio de diferentes produtos, diferentes prazos de contratos", detalhou Ribeiro.
Ele disse que a ideia é aumentar a rentabilidade dos negócios, utilizando para as vendas a comercializadora da Ibitu.
"Lá atrás falavam em PPAs de 20 anos, passou um tempo, PPAs de 15 anos. Hoje, pouquíssimos são os 'players' que estão assinando PPAs de 10 anos, e os que assinam os preços são extremamente baixos", acrescentou.
CAPACIDADE FINANCEIRA
A Ibitu está com recursos em caixa após ter realizado uma emissão de 400 milhões de reais em debêntures em dezembro, e a baixa alavancagem também garante espaço para investimentos, disse o presidente da companhia.
A alavancagem atual representa relação entre geração de caixa (Ebitda) e dívida líquida abaixo de 1 vez.
Antes da emissão, a empresa fez uma consulta ao mercado e recebeu ofertas firmes que a permitiriam levantar até 1,5 bilhão de reais, disse Ribeiro.
Com isso, a Ibitu vê espaço para futuramente realizar novas emissões, quando necessário, acrescentou ele.
O executivo também contou que a Ibitu tem trabalhado em um plano para recuperação da performance de seus ativos de geração, que foram adquiridos junto ao grupo Queiroz Galvão em 2019.
A iniciativa levou a disponibilidade das usinas para cerca de 98%, de em torno de 80% anteriormente, segundo ele.
A Ibitu também fechou um contrato com a dinamarquesa Vestas para que a empresa assuma a operação de seus parques eólicos, visando melhoria de desempenho.
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