Em Porto Alegre, fechamento da emergência de hospital de referência é retrato da crise
Por Diego Vara e Lisandra Paraguassu
PORTO ALEGRE/BRASÍLIA (Reuters) - Para os gaúchos que sofrem com números cada vez piores da pandemia há várias semanas, o fechamento da emergência do Hospital Conceição, referência no atendimento à Covid-19 no Rio Grande do Sul, representou um marco da real dimensão da crise vivida pelo Estado.
Com leitos de UTI lotados e uma fila de mais de 60 pessoas, o hospital não teve condições de continuar recebendo mais pacientes e fechou as portas da emergência na quarta-feira.
"Sabemos do peso que isso tem para a sociedade. É uma medida extrema, e nós reconhecemos isso, mas não podemos de forma alguma colocar a vida das pessoas que estão internadas no hospital em risco. Esse é um alerta de que chegamos na nossa capacidade, de que a população precisa se conscientizar", disse Cláudio Oliveira, diretor do Grupo Hospitalar Conceição.
Um dos maiores hospitais do Estado, o Conceição é referência no atendimento em Covid-19 e para onde são levados doentes de boa parte das cidades da região metropolitana. Em Porto Alegre, é a "emergência que nunca fecha" -- um evento de fato raro, que aconteceu pela última vez em 2009, com a epidemia de H1N1.
Mas, nessa quinta-feira, de acordo com a assessoria do hospital, 44 pessoas estão internadas com Covid-19 na UTI e não há leito disponível. Outras 40 estão internadas e entubadas na emergência e outras 23 estão com máscaras de ventilação, também na emergência -- todos aguardando leitos.
"As unidades básicas de saúde estão virando UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), as UPAs, virando emergências, e as emergências virando UTIs", afirmou Oliveira.
Em uma nota, a direção do hospital informou que não estava mais conseguindo atender os pacientes que chegavam e precisavam se reorganizar. Segundo a assessoria do hospital, a emergência seria reaberta nesta quinta.
"Recebemos nas últimas 24 horas cerca de 90 pessoas por demanda espontânea", diz a nota. "Se continuássemos atendendo na emergência com as portas abertas, teríamos sérios problemas para os pacientes e para as equipes, podendo colocar em colapso o atendimento."
O que aconteceu com o Conceição é um retrato do caos que o Rio Grande do Sul está vivendo desde fevereiro, com um aumento exponencial de casos de Covid-19. As festas de final de ano, o período de veraneio e o Carnaval levaram a uma explosão de casos e à consequente lotação dos hospitais.
No final do dia de quarta-feira, a capital gaúcha, com 982 leitos oficiais de UTI, tinha 1.096 pacientes internados, uma lotação de 111,61%. Em todo o Estado, 98,1% das UTIs pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão ocupadas, e 126,3% das UTIs em hospitais privados.
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