Novo conselho da Vale terá 7 membros com experiência em sustentabilidade
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O novo conselho da mineradora Vale, cujos 12 nomes foram aprovados pelo atual colegiado na véspera, terá sete membros com ampla experiência em sustentabilidade, além de oito considerados independentes, dentre outras inovações, no que promete ser a maior mudança do órgão administrativo desde que a companhia se tornou privada, em 1997.
A eleição dos indicados para o período de 2021 a 2023 será feita pelos acionistas na Assembleia Geral Ordinária, em 30 de abril, e representa um marco no processo de transformação da Vale numa corporação de capital disperso.
Um 13º integrante do colegiado será indicado pelos empregados da Vale em votação separada.
O avanço da experiência em sustentabilidade, e a ênfase dada ao tema com a criação recente de uma diretoria exclusiva, ocorre após um amplo trabalho que vem sendo anunciado pela Vale em busca do estabelecimento de um novo pacto com a sociedade, depois de ter ficado em evidência em dois dos maiores desastres socioambientais do país, com o rompimento mortal de barragens nos últimos anos.
Entre aqueles com "sólidos" ou "notórios" conhecimentos em sustentabilidade, segundo a Vale, estão os seguintes indicados: José Luciano Penido, Fernando Buso, Elaine Dorward-King, José Maurício Coelho, Maria Fernanda Teixeira, Ollie Oliveira e Sandra Guerra.
Os nomes foram indicados por um comitê de nomeação integrado pelos executivos Pedro Parente e Alexandre Silva, ambos sem vínculo com a Vale, além de José Maurício Coelho, atual presidente do conselho. A Vale pontuou que foram feitas mais de 140 reuniões com acionistas da Vale, especialistas internacionais, empresas de recursos humanos e os candidatos, entre outros.
Segundo a Vale, o comitê entendeu que a recondução de certo número de membros seria desejável ao avaliar que o colegiado passou por um processo recente de renovação nas duas últimas assembleias, com a incorporação de nove membros novos, e para garantir que o conselho possa operar sem riscos à continuidade dos negócios. Mas outras alterações estruturais foram feitas.
ALTERAÇÕES
Dos 12 indicados, cinco são novos integrantes. Entre eles estão quatro estrangeiros, como Clinton Dines (ex-CEO da BHP Billiton na China), Elaine Dorward-King (ex-head de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Rio Tinto), Ken Yasuhara (ex-diretor da Mitsui e da Sumitomo no Brasil), e Ollie Oliveira (ex-executivo das mineradoras Anglo American e DeBeers).
A nova indicada brasileira é Maria Fernanda Teixeira, que além de ter ocupado altos cargos de direção e conselhos de grandes empresas da indústria de tecnologia da informação, foi fundadora do Grupo Mulheres Executivas de São Paulo e membro do Conselho de Diversidade e Desenvolvimento do Banco Mundial.
Na indicação, houve a inclusão de oito membros considerados independentes, cinco a mais do que na atual configuração. Também haverá quatro estrangeiros e três mulheres, contra um estrangeiro e duas mulheres anteriormente.
Vale destacar que o colegiado também não será mais presidido por um integrante da Previ, o que vinha acontecendo há cerca de uma década. O atual presidente do fundo, José Maurício Coelho, ainda será conselheiro, mas a principal cadeira do colegiado deverá ser liderada pelo membro independente José Duarte Penido.
Em 5 de março, o conselheiro não independente Fernando Buso Gomes enviou e-mail ao comitê de nomeação declinando de uma possível indicação à presidência por razões pessoais e se colocando à disposição para o cargo de vice-presidente, conforme foi o aprovado.
DIVERGÊNCIA
Mas a aprovação dos novos nomes não foi unânime. O conselheiro Marcelo Gasparino votou contra a lista de candidatos.
Em sua manifestação, anexada à ata, Gasparino afirmou que a lista não atende a alguns requisitos do novo estatuto social da companhia, que deve ser aprovado na assembleia geral extraordinária marcada para sexta-feira.
Dentre eles, o conselheiro pontuou que a lista "não traz sete candidatos materialmente independentes" e destacou que "não me parece conveniente recorrer ao arremedo de solicitar à assembleia adiar a posse de um conselheiro para que ele possa se tornar independente".
O caso ocorreu com a indicação de Clinton James Dines, cuja posse deverá ocorrer apenas em 1º de agosto, em linha com a recomendação da área de Compliance da companhia, quando não mais ocupará o cargo de conselheiro na Zanaga Iron Ore Company --uma associação de um concorrente da Vale para um empreendimento em fase de projeto, conforme consta na ata publicada pela empresa.
(Por Marta Nogueira)
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