Bolsonaro retira indicação de militar para diretoria da Anvisa e substitui por servidor de carreira
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro retirou a indicação do tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann para uma diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e apresentou ao Senado o nome de Romison Rodrigues Mota, que é servidor de carreira e já atua como diretor substituto.
Militar sem qualquer ligação com a área de saúde e muito menos com medicamentos e vacinas, Kormann havia sido indicado por Bolsonaro para a diretoria de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, área responsável por autorizar o uso de imunizantes e outros remédios.
Kormann é secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde e um defensor do chamado "tratamento precoce" com medicamentos como cloroquina e ivermectina, que não tem comprovação de eficácia contra a Covid-19.
A indicação teve oposição aberta dos servidores da Anvisa. A associação da categoria, em nota, questionou a formação do militar --que é formado em administração de empresas mas não tem nenhuma experiência não apenas em medicamentos, mas em agências reguladoras-- e ressaltou que ele não atenderia as exigências da lei de criação da agência.
A indicação também teve resistência no Senado, que precisa aprovar a indicação e havia risco de não aprovação.
Bolsonaro apontou Kormann em 20 de novembro, mas o nome não foi colocado em apreciação até o momento. Alessandra Bastos Soares ocupou o cargo até o final de dezembro, quando seu mandato se encerrou.
Desde então, Romison Mota vem ocupando a diretoria como diretor-substituto. Economista com especialização em vigilância sanitária pela Fundação Oswaldo Cruz, Mota é servidor de carreira da Anvisa desde 2005.
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