Fundo Appian avalia fechar compra de 2 ativos de mineração no Brasil em 12 meses, diz CEO
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O fundo de private equity britânico Appian está bastante confiante de que poderá expandir sua carteira de projetos de mineração no Brasil nos próximos 12 meses, com a aquisição de pelo menos dois ativos, afirmou à Reuters o presidente do grupo no país, Paulo Castellari.
Atualmente, o Grupo Appian Capital Brazil, uma plataforma no país da Appian Capital Advisory, estuda um total de 13 empreendimentos brasileiros, com foco em metais básicos, para o fornecimento de matéria-prima para baterias, e minerais preciosos, como ouro, explicou o executivo.
O orçamento do grupo internacional para a aquisição de ativos pode chegar a 1,5 bilhão de dólares. No entanto, Castellari pontuou que haverá concorrência com projetos de mineração em outros lugares do mundo.
"Dentro dos 13 projetos que estamos avaliando, seis têm grandes chances e desses, um terço deve se materializar nos próximos 12 meses", disse Castellari, em uma entrevista por videoconferência, evitando entrar em detalhes.
Havia uma perspectiva de realizar a compra de ativos no ano passado, mas os planos terminaram estendidos, principalmente devido à pandemia.
Para chegar aos 13 ativos em questão, o fundo chegou a analisar 50 projetos no país. São avaliados empreendimentos, em diferentes fases de execução, que tragam oportunidades para crescimento e geração de valor, com redução de custos e aumento de eficiência, sempre com padrão de segurança internacional.
O executivo pontuou que tem recebido "várias ofertas", em meio a um cenário positivo para investimentos em mineração, diante do retorno da economia chinesa pós-crise e de uma importante demanda por metais básicos. Na estratégia do fundo, a idéia é comprar e agregar valor para depois vender.
A Appian Capital Advisory tem atualmente 1,2 bilhão de dólares em ativos sob a sua gestão, em locais como África, Canadá, Austrália e Brasil.
ATUAÇÃO NO BRASIL E VENDA
O fundo Appian tem dois empreendimentos no Brasil, adquiridos quando o grupo se estabeleceu no país em 2018. Um deles é a Atlantic Nickel, operação de níquel sulfetado no sul da Bahia, e o outro é a Mineração Vale Verde (MVV), empreendimento de cobre em fase final de implantação no Agreste Alagoano.
Castellari afirmou que foi possível provar com ambas as empresas a capacidade do grupo de transformar ativos em operações mais rentáveis e que é possível fazer mineração em escala menor com padrões internacionais.
Agora, o fundo já planeja iniciar o processo de venda dos dois ativos neste ano.
"É claro que o momento é propício para conversas sobre Atlantic Níquel... O interesse na Atlantic está tremendo", disse o executivo.
O níquel sulfetado, produzido pela Atlantic Nickel, é um importante componente utilizado na fabricação baterias e sua demanda deverá crescer de forma importante com o avanço do mercado de eletrificação, na avaliação de Castellari.
Grandes mineradoras, como a Vale e Anglo American, veem as boas perspectivas para a demanda por metais básicos, diante de avanços na indústria de energias renováveis e carros elétricos, como uma oportunidade para mudar a imagem da mineração.
Castellari fez coro com as gigantes do setor e afirmou: "não sei se terá outra oportunidade tão boa quanto essa". Ressaltou ainda que tem crescido entre os clientes da mineração exigências relacionadas a práticas de ESG (ambiente, sustentabilidade e governança, na sigla em inglês).
Segundo ele, o atual ambiente de negócios de mineração, com alta de preços e demanda, traz boas perspectivas para o grupo. "Como dizia o poeta, o homem de sucesso precisa de sorte", afirmou.
(Por Marta Nogueira)
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