3R Petroleum avalia mais ativos da Petrobras após US$ 600 mi em contratos, diz CFO
A brasileira 3R Petroleum mantém uma participação ativa nos processos de venda de ativos em produção da Petrobras, em busca de ampliar ainda mais o seu portfólio, afirmou à Reuters nesta quarta-feira o diretor financeiro da petroleira, Rodrigo Pizarro.
A companhia, que abriu capital em novembro do ano passado, já fechou até o momento quase US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões, na cotação atual) em contratos com a petroleira estatal, com a compra de participação e operação de seis polos de campos maduros de petróleo, dos quais US$ 216 milhões (R$ 1,2 bilhão) já foram pagos.
Parte dos valores são desembolsados na assinatura dos contratos e outros montantes dependem do cumprimento de condicionantes, como a própria conclusão do negócio.
Até o momento, apenas o polo Macau, comprado por US$ 191 milhões (R$ 1 bilhão), já teve sua aquisição concluída. A expectativa é concluir ainda a compra dos polos Pescada & Arabaiana, Fazenda Belém e Rio Ventura, ao longo nos próximos dois trimestres, e os polos Recôncavo e Peroá, no fim deste ano.
Juntos, os seis polos produziram 17,9 mil barris de óleo equivalente por dia em 2020, sendo 14,2 mil boe/d referente à parcela 3R, que realizou as aquisições em parceria.
"O desinvestimento da Petrobras é a melhor forma de ampliar portfólio... Estamos participando ativamente", afirmou Pizarro, em uma entrevista por videoconferência.
A 3R foca atualmente na busca de ativos em produção, que têm capacidade de redesenvolvimento a partir de investimentos e sinergias com os campos já adquiridos por ela.
Segundo ele, ainda estão à venda pela Petrobras campos em terra que produzem mais de 70 mil barris de óleo equivalente por dia.
A companhia, ponderou o executivo, poderá fazer lances também por ativos marítimos, como forma de diversificar o seu portfólio, mas não como operadora.
A Reuters publicou em fevereiro que a 3R participou de consórcio que apresentou oferta não vinculante pelos campos de Albacora e Albacora Leste, responsáveis pela produção de 77 mil barris de óleo equivalente por dia, segundo fontes. Participaram da oferta Talos Energy, EIG Global Energy Partners e Enauta.
Questionado, Pizarro preferiu não comentar o assunto.
Atuação em comunidades e resultados
A privatização de ativos pela Petrobras historicamente traz alguns receios da sociedade, principalmente em localidades onde a petroleira estatal sempre funcionou como uma espécie de vetor de desenvolvimento econômico.
No entanto, diversas áreas como as que a 3R vem adquirindo acabaram deixando de receber investimentos expressivos da companhia, principalmente nos últimos anos, quando a petroleira voltou seu foco estratégico nas áreas do pré-sal.
Pizarro explicou que hoje o mercado já entende que quando empresas como 3R, PetroReconcavo e Imetame adquirem campos maduros é porque têm a intenção de revitalizar os ativos, gerando emprego e movimentando a economia local.
"São volumes expressivos que pretendemos investir em cada um desses polos... A gente não entra para manter o declínio dos campos, como vinha sendo feito pela Petrobras", afirmou.
O executivo também ressaltou outras oportunidades de desenvolvimento após a aprovação da Nova Lei do Gás pelo Congresso, que possibilitará que a empresa venda gás diretamente para consumidores.
Após a compra de ativos da Petrobras, a 3R abriu capital em novembro passado, no primeiro IPO do setor de petróleo no Brasil em quase uma década, que movimentou R$ 690 milhões.
A 3R reportou nesta quarta-feira em seu primeiro balanço financeiro após abrir capital um prejuízo líquido de R$ 147,5 milhões no quarto trimestre. Já o Ebitda ajustado somou 50,5 milhões de reais, enquanto a receita líquida foi de R$ 85,2 milhões.
No relatório, a companhia ressaltou que as ações da empresa na bolsa paulista B3 já valorizaram mais de 110% desde a abertura do capital, o que eles atribuem ser resultado do atingimento de metas operacionais, estratégicas e de resultado estabelecidas no contexto da abertura de capital.
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