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Deveremos entrar em período de "normalidade" econômica entre fim de junho e início de julho, diz Funchal

17/03/2021 11h27

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse nesta quarta-feira que, a julgar pelo calendário para vacinação de prioritários, deveremos entrar num período de "normalidade" entre o fim de junho e início de julho, do ponto de vista de projeções econômicas, e acrescentou que, no momento, a vacinação é o melhor instrumento de política econômica e fiscal.

"O objetivo do governo agora é esse: acelerar a produção ou importação de vacinas, o processo de vacinação das pessoas", disse em entrevista à GloboNews, adicionando que a imunização tem correlação "total" com a retomada da economia, ecoando palavras do titular da pasta econômica, Paulo Guedes.

Funchal voltou a fazer ponderações sobre a necessidade de controle de despesas, ao destacar que a capacidade de financiar novas rodadas de auxílio emergencial é "extremamente limitada", depois de centenas de bilhões de reais gastos com o benefício em 2020 e da reedição de 44 bilhões de reais neste ano.

"A gente também precisa pensar em paralelo. A gente tem que pensar na crise agora e no pós-crise", afirmou. "Não adianta a gente dar um passo equivocado neste momento e chegar ao pós-crise e a economia estar mais desorganizada. Quando a gente mais precisa gerar emprego para os mais pobres, a gente pode ter problemas se não tiver um bom gerenciamento dessa parte fiscal."

O secretário do Tesouro acredita ainda ser preciso explicar mais os detalhes da PEC Emergencial --que permitiu a volta do coronavoucher-- e ir além das medidas de gatilho e contrapartidas, já que, disse Funchal, o texto também engloba melhoria da gestão fiscal da União e controle de gastos de Estados e municípios.

"Precisamos de um tempo para maturar tudo que essa PEC traz. Aí acho que vão ficar cada vez mais claros todos esses benefícios. E aí a percepção do quão positiva foi essa aprovação vai se espalhar pelo mercado e pela sociedade."

Perguntado sobre o custo adicional aos cofres do Tesouro de aumentos da Selic, Funchal afirmou que o Banco Central está fazendo seu trabalho, que é controlar a inflação, e que, se for necessário para isso elevar os juros, que assim seja feito.

Ele calculou que a cada 1 ponto percentual de aumento da Selic a despesa com pagamento de juros cresce cerca de 35 bilhões de reais.

"O custo da dívida está em níveis mínimos históricos. Acredito que isso (o aumento de despesa com Selic mais alta) não deva atrapalhar o papel do BC", afirmou, chamando atenção para a curva longa de juros --a mais correlacionada com investimentos e mais sensível aos riscos fiscais.