Lira acende "sinal amarelo" e fala em remédios amargos para espiral de erros
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), acendeu nesta quarta-feira um "sinal amarelo" e alertou que a Casa não deve se dedicar a temas que não estejam relacionados ao combate à pandemia, aproveitando pronunciamento em plenário para mandar recados ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
"Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a ser praticados", disse Lira.
"Mas alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário", avaliou.
O presidente da Câmara disse que é hora de buscar união e ponderou não ser justo "descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente", mas alertou que a disposição de ouvir precisa ter como contrapartida a "flexibilidade de ceder".
"Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política", afirmou.
O presidente da Câmara participou de reunião na manhã desta quarta-feira entre os presidentes dos Poderes, ministros e governadores para a criação de um comitê que irá definir ações do combate à Covid-19.
Lira argumentou que o remédio menos danoso ao país seria fazer um "freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas, até que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramitação".
Parlamentares receberam com cautela o anúncio do comitê, que pode servir apenas de plataforma para o discurso do presidente Jair Bolsonaro se não houver uma mudança de rumo na política de combate à pandemia e uma coordenação centralizada. Alguns deles apostam na participação do Legislativo e de outros atores como um elemento que pode ajudar o comitê a surtir efeitos positivos. O Congresso já vinha insatisfeito, mesmo dentro da base aliada, com a gestão da saúde e a velocidade na vacinação.
Lira avaliou, ainda que o momento não comporta "tensionamentos" e defendeu que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou medidas que impliquem em danos políticos devem ser evitados.
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