BC autoriza uso do WhatsApp para transferências de recursos
Por Aluisio Alves
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central autorizou nesta terça-feira arranjos das bandeiras de cartões Visa e Mastercard a usarem o WhatsApp, serviço de mensageria do Facebook, para transferências de recursos, cerca de nove meses após ter limitado a parceria a um período de testes antes de ser lançada em larga escala.
Anunciada em junho do ano passado, a parceria que também envolvia a Cielo, foi logo barrada tanto pelo BC quanto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que alegaram tanto riscos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) quanto à concorrência, dada a posição dominante de mercado da Cielo e do Facebook.
Posteriormente, BC e Cade pediram esclarecimentos sobre a estrutura de remuneração dos serviços e a autoridade monetária autorizou a retomada da parceria em fase de testes, enquanto avançava com o sistema instantâneo de transferência de valores, PIX, lançado em novembro.
Ao anunciar a autorização nesta noite, o BC disse acreditar que os arranjos "poderão abrir novas perspectivas de redução de custos para os usuários de serviços de pagamentos".
Mais cedo nesta terça-feira, em evento do banco Daycoval, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que em breve o WhatsApp seria aprovado no Brasil e que há outros sistemas juntando mídias sociais e finanças.
Em nota após o anúncio do BC, um porta-voz do WhatsApp afirmou ter recebido a decisão do BC "com muita satisfação" e que está em preparativos finais para disponibilizar a funcionalidade no Brasil.
"Agora, mais do que nunca, pagamentos digitais seguros e convenientes oferecem uma solução vital para transferir dinheiro rapidamente para pessoas que necessitam e auxiliar empresas em sua recuperação econômica", diz trecho da nota do WhatsApp.
Já a Visa afirmou que recebeu "com satisfação a decisão do Banco Central e espera continuar seu trabalho com emissores e o WhatsApp para habilitar os pagamentos pelo aplicativo, tornando-o disponível para todos no Brasil".
E a Mastercard afirmou que continuará "a trabalhar com o WhatsApp e outros parceiros para oferecer opções de pagamento inovadoras e seguras aos consumidores e empresas brasileiras".
FACEBOOK PAY
Ao anunciar a autorização do WhatsApp para transferências de recursos, o BC agregou que isso não inclui os arranjos de compra vinculados ao Facebook Pay, que seguem em análise.
A Cielo, maior empresa de pagamentos do país, saudou a decisão do BC, afirmando que ela "promoverá a inclusão de uma grande quantidade de brasileiros em meios de pagamento", mas ressalvou que aguarda a aprovação para o arranjo chamado P2M, que permite o pagamento com cartão de crédito.
Essa funcionalidade, dentro do acordo, será abrigada pelo Facebook Pay. Diferente das transferências de recursos entre contas, o pagamento com cartão de crédito envolve a inclusão de uma série de dados adicionais dos lojistas, como o chamado domicílio bancário, informação relevante para empresas de pagamentos, que podem usá-los para estratégias comerciais.
Atualmente, o acordo para uso do Facebook Pay tem acordo apenas com a Cielo como adquirente e, segundo executivos do mercado, o BC quer que outras empresas do setor participem desse arranjo antes de autorizar o funcionamento.
(Com reportagem adicional de Carolina Mandl e José de Castro)
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