Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Acionar estado de calamidade traria mais custo do que ganhos, alerta Campos Neto

País precisaria ter cautela em adotar uma "narrativa correta" para justificar calamidade, afirmou o presidente do BC - Adriano Machado
País precisaria ter cautela em adotar uma "narrativa correta" para justificar calamidade, afirmou o presidente do BC Imagem: Adriano Machado

Isabel Versiani

06/04/2021 12h35

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta terça-feira que o eventual acionamento do estado de calamidade para aumentar a margem que o governo tem para gastar na pandemia traria mais prejuízos do que ganhos.

Se esse for o caminho a ser seguido, o país precisará ter cautela em adotar uma "narrativa correta" para justificá-lo, frisou Campos Neto durante live do banco Itaú.

"Se eu disser que vou para calamidade porque quero gastar 20 bilhões a mais, 25 bilhões a mais, posso te garantir que o efeito econômico do ponto de vista de turbulência nos mercados e nas variáveis macroeconômica será muito maior do que o efeito que você tem de gastar 25 bilhões a mais", disse Campos Neto.

"Nós temos que ser muito cautelosos com a narrativa que será usada se esse for o caminho adotado. Eu vejo claramente que, se você não tem a narrativa correta, vejo um efeito negativo em termos de algo para o qual você espera um efeito positivo. Acho que é isso que o mercado está nos dizendo, que as variáveis estão nos dizendo."

Campos Neto também afirmou que o processo de aprovação do Orçamento gerou incertezas que tiveram impacto no prêmio de risco do cenário fiscal.

"Acho que temos que explicar às pessoas o que será feito porque acho que precisamos remover isso (prêmio), acho que isso é relativamente fácil de se fazer", afirmou.

Apesar das preocupações, Campos Neto destacou que o Congresso Nacional não está parado e, citando a aprovação da Lei do Gás e o projeto de autonomia do Banco Central, afirmou que o país é um dos únicos do mundo que está aprovando medidas estruturais em meio à pandemia.

Ele também afirmou que a PEC Emergencial foi uma "conquista" que estabeleceu marcos importantes para a política fiscal.