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Mudança em "normalização parcial" demandaria alteração importante em perspectiva de inflação, diz Campos Neto

Presidente da instituição reiterou que a perspectiva para o segundo semestre é favorável, com expectativa de reabertura da economia - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
Presidente da instituição reiterou que a perspectiva para o segundo semestre é favorável, com expectativa de reabertura da economia Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Isabel Versiani

06/04/2021 11h39

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que a autoridade monetária só alterará sua estratégia de "normalização parcial" da política monetária caso veja sinais de elevação significativa da inflação e das expectativas para a alta dos preços à frente.

Ele reiterou, durante evento do banco Itaú, que a decisão do BC de elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual em março e sinalizar nova alta da mesma magnitude para maio seguiu entendimento de que agir rápido na política monetária implica fazer "menos ao final".

Questionado sobre o que poderia levar o BC a optar por uma normalização total da política monetária --ao invés do processo de normalização "parcial" citado na última decisão sobre os juros--, Campos Neto mencionou os preços elevados das commodities em reais e os prêmios fiscais na parte longa da curva de juros impactando a inflação e as expectativas.

"Esses elementos teriam que mudar muito para a gente fazer algo diferente", disse Campos Neto, em inglês.

"Estávamos vendo contaminação nas expectativas de 2021 para 2022 e até além. Então não é sobre consertar 2021, que estará fora do cenário muito em breve, mas é sobre o processo de contaminação que estava se estabelecendo, acho que foi por isso que fizemos o que fizemos", afirmou.

Campos Neto frisou que o BC atua com a preocupação de equilíbrio e que o risco visto no ano passado de a inflação ficar próxima de 1,5% o preocupou tanto quanto a possibilidade de inflação superar a meta agora.

Em apresentação inicial, Campos Neto afirmou que a expectativa é que, após a forte recuperação da economia após o baque da primeira onda da pandemia da Covid-19, a segunda onda da doença afetará negativamente a atividade do país em março, abril e maio.

Ele reiterou, contudo, que a perspectiva para o segundo semestre é favorável, com a expectativa de reabertura da economia. Destacando que o país "finalmente" atingiu a marca de mais de 1 milhão de vacinados por dia, Campos Neto disse que a expectativa é de aceleração do processo de imunização a partir daí.

(Por Isabel Versiani e Jamie McGeever)