Esforço do Fed por 'pleno emprego' pode falhar em economia pós-pandemia
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve prometeu ajudar a restaurar a economia dos Estados Unidos até o "pleno emprego" e aponta os meses anteriores à pandemia de coronavírus como o exemplo do que isso pode significar.
No entanto, as primeiras evidências da reabertura econômica sugerem que o impulso para atingir essa meta pode ser elusivo ou, na melhor das hipóteses, um processo mais demorado, à medida que o mercado de trabalho se afasta dos tipos de empregos perdidos em 2020, é potencialmente transformado por grandes gastos com infraestrutura e alguns trabalhadores desistem de procurar por vagas de trabalho.
Economistas dizem que não vêem gargalos preocupantes no emprego no curto prazo. Alguns empregadores reclamaram por não conseguirem encontrar trabalhadores suficientes, embora esse problema deva diminuir conforme as escolas e creches reabrem, permitindo que os trabalhadores voltem aos seus empregos e os setores duramente afetados de hospedagem e varejo aumentem sua força de trabalho.
Mas esses gargalos podem não estar longe se a pandemia transformar os EUA em uma economia mais dependente da tecnologia e menos das pessoas no setor de serviços e se os planos de gastos do governo Biden impulsionarem a demanda por construção, assistência à família e outras áreas que exigem habilidades e, talvez, preferências diferentes das possuídas pelos trabalhadores.
"Não há restrição ampla quando você tem 8,5 milhões de empregos a menos" do que existia no início da pandemia, disse Gregory Daco, economista-chefe da Oxford Economics para os Estados Unidos. Daco espera que a economia crie empregos em um ritmo rápido este ano, mas ele disse que as contratações podem desacelerar à medida que a composição ocupacional muda e mais pessoas mais velhas usam a pandemia como motivo para se aposentar.
"Sim, será um impedimento para uma recuperação total e, sim, levará mais tempo", disse Daco sobre a necessidade dos trabalhadores de mudarem de habilidades e setores, e dos possíveis limites para o aumento da participação da força de trabalho.
A BUSCA PELO ANO PASSADO
O Fed não deve mudar sua orientação de política monetária após sua reunião de dois dias desta semana, embora seja provável que dê uma visão mais otimista sobre a situação do emprego na esteira dos 916 mil empregos criados em março e em meio a expectativas de crescimento adicional durante o verão no Hemisfério Norte.
No entanto, persistem enormes deficiências: a criação de empregos chegou a 152,5 milhões em fevereiro do ano passado, em comparação com 144,1 milhões no mês passado. A proporção de adultos que trabalham ou procuram vagas, conhecida como taxa de participação na força de trabalho, atingiu uma máxima em 7 anos de 63,4% em janeiro de 2020, revertendo o que parecia um declínio enraizado. A taxa caiu quando a pandemia explodiu e estava em 61,5% no mês passado, representando quase 4 milhões de pessoas a mais que não estavam procurando emprego.
O melhor cenário é aquele em que a economia volta às condições anteriores, embora as autoridades do Fed digam que serão pacientes e só reduzirão o apoio monetário se a inflação aumentar de forma imprevista. Quando a última recessão nos Estados Unidos terminou, em 2009, levou vários anos para que as tendências mais positivas aparecessem, e as autoridades do Fed relutarão em aceitar que isso não acontecerá novamente.
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