Vale lucra US$5,5 bi no 1º tri com alta do minério; supera expectativa
Por Marta Nogueira e Roberto Samora
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale registrou lucro líquido de 5,5 bilhões de dólares no primeiro trimestre, com um salto na comparação com os 239 milhões de dólares do mesmo período do ano passado, impulsionado por alta dos preços do minério de ferro, informou a companhia nesta segunda-feira.
O resultado, que superou estimativa feita pela Refinitiv, de 5,06 bilhões de dólares, também cresceu fortemente ante o último trimestre de 2020, quando a empresa registrou 739 milhões de dólares.
Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 8,35 bilhões de dólares entre janeiro e março, ante 2,882 bilhões de dólares um ano antes.
Ao excluir despesas relacionadas ao rompimento de barragem em Brumadinho (MG) e com doações devido à Covid-19, além ganho não recorrente de transferência de ativos de alumínio, o Ebitda ajustado proforma da mineradora foi de 8,467 bilhões de dólares, um recorde para um primeiro trimestre.
O preço médio de finos de minério de ferro realizado pela Vale foi de 155,5 dólares por tonelada (CFR/FOB), aumento de mais de 85% ante os 83,8 dólares por tonelada no primeiro trimestre de 2020.
Com isso, o Ebitda de Minerais Ferrosos foi de 7,811 bilhões de dólares, um recorde para um primeiro trimestre, 989 milhões de dólares abaixo do quarto trimestre, principalmente devido a volumes sazonalmente menores (2,616 bilhões de dólares), que foram parcialmente compensados por preços realizados mais elevados (1,853 bilhão de dólares).
No primeiro trimestre, a Vale fechou um acordo global relacionado a indenizações coletivas devido ao rompimento de barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019, um marco que trouxe previsibilidade jurídica e às despesas que a companhia ainda terá para reparar os danos.
"Estou confiante de que nossos resultados financeiros positivos refletem nossa consistência no cumprimento de nossas promessas do 'de-risking' da Vale", disse o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, citando o acordo de Brumadinho, a venda das operações de metais básicos da Vale Nova Caledônia e a aprovação de um programa de recompra de ações.
A empresa também pontuou que no primeiro trimestre a Fundação Renova, criada para gerir o ressarcimento dos danos causados pelo rompimento de barragem da Samarco, em Mariana (MG), em novembro de 2015, acelerou o pagamento às pessoas que não conseguem oferecer provas de danos individuais.
Durante o último trimestre, por meio do novo sistema de indenização aprovado pela Justiça, a fundação fechou acordos com mais de 7.500 pessoas --desde a decisão judicial, 1 bilhão de reais foram pagos em 22 localidades.
PREÇOS EM ALTA
A Vale destacou que a elevação dos preços do minério de ferro vem de uma combinação de redução sazonal de oferta no primeiro trimestre, baixos estoques ao longo da cadeia, forte retorno da atividade econômica pós Ano Novo Chinês e a recuperação da atividade econômica fora da China.
"O cenário de oferta insuficiente que levou a um aumento nos preços do minério de ferro ao longo do primeiro trimestre permanece ao longo do segundo trimestre", disse a companhia.
"No decorrer do ano, do lado da oferta, os volumes devem aumentar em relação ao segundo semestre de 2020, enquanto a demanda de minério de ferro pode ser impactada por cortes de produção devido a restrições ambientais na China."
A Vale produziu 68 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre, alta de 14,2% ante o mesmo período do ano anterior, avançando em seu plano de estabilização e retomada operacional, após diversas paralisações realizadas para aprimorar a segurança de atividades, após grandes desastres com barragens.
Com a força das vendas de minério de ferro, a receita líquida da companhia somou 12,6 bilhões de dólares entre janeiro e março, alta de 81% na comparação com um ano antes.
DÍVIDA E CAIXA
A Vale gerou 5,847 bilhões de dólares de fluxo de caixa livre das operações no primeiro trimestre, ficando 971 milhões de dólares acima do quarto trimestre.
O montante, segundo a companhia, a permitiu amortizar 943 milhões de dólares da dívida, resgatando os bonds de 750 milhões de euros, além de distribuir 3,88 bilhões de dólares aos acionistas e pagar 555 milhões de dólares para o desinvestimento do problemático empreendimento na Nova Caledônia (VNC).
"Ainda assim, a posição de caixa e equivalentes de caixa aumentou em 465 milhões de dólares no trimestre", disse a empresa.
A dívida bruta da Vale somou 12,176 bilhões de dólares no fim do primeiro trimestre, queda de 1,184 bilhão ante o fim de 2020, principalmente devido ao resgate antecipado de bonds, conforme explicou a companhia.
A dívida líquida expandida, que soma a dívida líquida financeira com outros compromissos relevantes, diminuiu para 10,7 bilhões de dólares.
A Vale pontuou que a dívida líquida expandida deve tender ao nível de referência de longo prazo de 10 bilhões de dólares à medida que a empresa continua a gerar caixa, cumprir obrigações e compromissos, distribuir dividendos e recomprar ações, explicou a empresa.
(Por Marta Nogueira e Gram Slattery no Rio de janeiro, e Roberto Samora em São Paulo)
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