Consumo de gás no Brasil cresce 12% no 1º tri por demanda termelétrica, diz Abegás
O consumo médio de gás natural no Brasil cresceu 12% entre janeiro e março ante o mesmo período de 2020, principalmente devido a um salto na demanda para geração de energia elétrica, apontou nesta quarta-feira a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
No primeiro trimestre, o consumo de gás no país somou quase 70,7 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), ante 62,9 milhões de metros cúbicos dia entre janeiro e março do ano passado.
O uso para geração térmica, principal segmento consumidor de gás do país no período, avançou cerca de 24% no primeiro trimestre ante mesmo período do ano passado, para 31,2 milhões de m³/d, com uma grave crise hídrica que levou ao acionamento de grande parte do parque térmico do país, apontou a Abegás.
"O Brasil vive uma das mais graves crises hídricas de sua história, especialmente no subsistema Sudeste-Centro-Oeste, onde tivemos o pior mês de abril desde 1931, quando começaram os registros", afirmou em nota presidente da Abegás, Augusto Salomon.
Ele aproveitou para defender a contratação de novas termelétricas a gás pelo país como forma de aumentar a segurança energética, uma demanda das distribuidoras desde a tramitação no Congresso da nova Lei do Gás, aprovada neste ano.
"Não é um episódio fortuito, (a crise hídrica) vem se agravando desde 2014. E a geração térmica a gás natural seria a melhor alternativa para preservar e recuperar os reservatórios das hidrelétricas."
O relatório da medida provisória (MP) de privatização da Eletrobras apresentado na terça-feira pelo deputado Elmar Nascimento vai na direção do pretendido pela Abegás, ao prever a contratação compulsória de usinas a gás no Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país.
Mas essa proposta, que não constava da MP original de desestatização enviada pelo governo ao Congresso, recebeu críticas de alguns especialistas, preocupados com possíveis distorções no mercado.
OUTROS SETORES
Outro segmento que pesou para a alta vista no consumo no primeiro trimestre foi o industrial, com crescimento de cerca de 7% na comparação anual, para 28,4 milhões de metros cúbicos por dia.
"Já há mais de 3.500 indústrias ligadas à rede das concessionárias em 16 Estados e o crescimento do consumo desse segmento funciona como um indicador de atividade, ainda que abaixo da expectativa para esse ano por conta da segunda onda de Covid-19", disse Salomon.
"Nossa expectativa é que, com o avanço da campanha de vacinação, esses números possam melhorar no segundo trimestre."
Os segmentos que apresentaram queda no consumo foram o automotivo, com recuo de 5%, para quase 5,4 milhões de metros cúbicos por dia, e o setor comercial, com declínio de quase 19%, para 694,3 mil metros cúbicos por dia, ambos ainda afetados por medidas de combate à pandemia.
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