Queiroga diz ser contra obrigatoriedade de uso da máscara
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quarta-feira ser contra a obrigatoriedade do uso de máscaras para conter a disseminação do coronavírus, mas reconheceu a necessidade de reforçar a conscientização da população sobre a importância do uso como medida preventiva à Covid-19.
"Primeiro nós somos contra essa questão de obrigatoriedade (da máscara). O Brasil é um país que tem muitas leis e que as pessoas infelizmente não as observam", disse o ministro em entrevista ao canal de internet Terça Livre.
"Então, o uso da máscara tem que ser um ato de conscientização. O benefício é de todos. O compromisso é de cada um", defendeu.
Queiroga aproveitou para criticar a aplicação de multas a quem não estiver de máscara, a exemplo do que ocorreu com o presidente Jair Bolsonaro, que já foi punido por comparecer a eventos sem a proteção. Bolsonaro insiste, em diversas ocasiões, em não utilizar a máscara e pediu ao ministro que preparasse um estudo recomendando a desobrigação do uso da máscara aos vacinados ou aqueles que já contraíram a doença -- o que ainda não foi apresentado.
"Não tem sentido essas multas, não se pode criar uma indústria de multas. Imagina, multando as pessoas porque não estão com máscara", disse Queiroga.
"Se está precisando fazer isso, é porque nós não estamos sendo eficientes em conscientizar a população sobre o uso desse equipamento de proteção individual", acrescentou.
Desde que assumiu a pasta, o ministro tenta um discurso que não contrarie o presidente, mas vem defendendo a adoção do que chama de medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, o distanciamento físico e a higiene das mãos.
Em contraponto, apoia a tese governistas de abordar o enfrentamento à pandemia conciliando economia e saúde.
O ministro afirmou ainda na entrevista que a campanha de imunização brasileira registra que 70% da população acima de 18 anos tomou a primeira dose, enquanto 30% já completaram o esquema vacinal. Para Queiroga, o cenário epidemiológico está "mais controlado" e já se pode pensar em uma reabertura da economia.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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