Mourão admite possibilidade de racionamento e prevê crise hídrica longa
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Hamilton Mourão previu hoje que o Brasil poderá ter que enfrentar um racionamento de energia nos próximos meses, se as medidas adotadas agora não surtirem efeito, e que a crise pode se manter pelos próximos anos.
"O governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que haja um apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento, o próprio ministro falou isso", afirmou o vice-presidente, lembrando que o Brasil tem uma matriz energética concentrada em hidrelétricas.
"É algo que vamos enfrentar nos próximos anos enquanto não houver uma recuperação plena dos nossos reservatórios."
O governo federal anunciou ontem uma nova bandeira tarifária, chamada de "escassez hídrica", que levará a um reajuste de 6,78% na tarifa média de energia ao consumidor. A taxa extra cobrada a cada 100 kWh quando o sistema está em bandeira vermelha passa de R$ 9,50 para R$ 14,20.
Perguntado ainda se o aumento da energia não terá um impacto ainda maior na inflação, que já está alta, Mourão disse não concordar com essa previsão.
"Não vejo dessa forma. Os fatores que fazem a inflação aumentar e diminuir são sazonais. Os setores do governo encarregados do assunto estão trabalhando junto e acompanhando diuturnamente o que está acontecendo e adotando as medidas necessárias", afirmou.
Na noite de terça, em pronunciamento em cadeia nacional, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse não haver risco de racionamento, apesar da maior crise hídrica do país em 91 anos, mas disse que a "condição hidroenergética se agravou" e pediu que a população tome medidas para reduzir o desperdício.
Como incentivo, consumidores residenciais e pequenos negócios poderão receber um desconto na conta de luz se reduzirem o consumo.
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