GPA vê 1º tri "volátil", aguarda melhor momento para venda de participação na Cnova
SÃO PAULO (Reuters) - O GPA viu uma melhora de suas vendas nas últimas semanas, mas considera que o primeiro trimestre será "volátil", com impactos do cenário macroeconômico, efeitos de calendário, pandemia e de uma reestruturação marcada pela saída do grupo do segmento de hipermercados.
"O início do ano ainda está muito volátil, com consumidor ainda muito cauteloso. Tem efeito de inflação alta, queda de renda...vem melhorando nas últimas semanas", disse o presidente-exeuctivo do GPA, Jorge Faiçal, em conferência com analistas.
"Mas não é um trimestre que se pode esperar grandes melhorias de cenário", acrescentou, lembrando que o Carnaval deste ano vai ter desfiles deslocados para o segundo trimestre e que a Páscoa também cairá sobre o período.
Na véspera, o GPA divulgou alta de vendas mesmas lojas de 2,3% para o quarto trimestre, considerando apenas suas operações de supermercados e formatos de proximidade. O rival Carrefour Brasil divulgou na semana passada queda de cerca de 9% nas vendas mesmas lojas na operação supermercados.
Às 12h48, as ações do GPA exibiam queda de 0,7%, enquanto o Ibovespa recuava 1,6%, em meio a uma queda generalizada do mercado acionário em meio à guerra na Ucrânia.
Faiçal afirmou que a partir do segundo semestre a performance do GPA deve mostrar melhora mais significativa, após a empresa concluir a transição que a deixou concentrada no Brasil em supermercados premium e em venda digital de alimentos.
Com isso, a rentabilidade do grupo deverá atingir um nível "normalizado" de cerca de 9% na segunda metade do ano, disse o vice-presidente de finanças, Guillaume Gras.
O plano, que envolveu a venda de hipermercados da bandeira Extra para o Assaí, incluiu a reforma de todo o parque de lojas do Pão de Açúcar neste ano que ainda não foram migradas para um novo formato, chamado pelo grupo de "G7", em um movimento que abrange cerca de 130 lojas, disse Faiçal.
O executivo também reafirmou a meta da empresa de abertura de 100 lojas Pão de Açúcar e 100 lojas de proximidade até 2024. Questionado sobre a expansão, Faiçal disse que o grupo prefere por enquanto optar pela abertura orgânica de lojas do que buscar acelerar o processo com operações de aquisição de outras redes.
"É mais lento, mas os retornos são mais positivos", disse o executivo, acrescentando que o foco está em ampliar presença nas praças onde a bandeira já está presente, como São Paulo.
Sobre a participação no grupo de varejo online Cnova, Gras disse que a intenção ainda é de vender, mas que aguarda melhora das condições de mercado para conseguir um "bom preço".
Já sobre a fatia no grupo colombiano Éxito, o executivo comentou que "é possibilidade termos movimentos futuros em nossa participação".
Na frente digital, Faiçal afirmou que o GPA já iniciou testes para venda de produtos frescos por meio da parceria com o Mercado Livre e que o lançamento do serviço deve ocorrer nos próximos meses. Atualmente a empresa vende apenas produtos secos no marketplace, algo que envolve entre 1.500 e 2.000 itens diferentes.
Enquanto busca crescer as lojas sem grandes aquisições, o grupo também aposta em outras "parcerias estratégicas" para venda de produtos via aplicativo e em plataformas de "última milha" como iFood, disse Faiçal.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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