BC mantém projeção de alta do PIB em 1%, mas ressalta incerteza com guerra
O Banco Central manteve sua projeção de crescimento econômico em 2022 a 1%, mesmo patamar estimado em dezembro, citando surpresa positiva do PIB (Produto Interno Bruto) no último trimestre de 2021 e perspectiva favorável para alguns setores, mas pontuando preocupações com a guerra na Ucrânia, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (24).
A projeção do BC, que destaca elevado nível de incerteza por conta do conflito no leste europeu, está no meio do caminho entre dados do governo e a visão do mercado. O Ministério da Economia prevê expansão de 1,5% para o PIB este ano, enquanto o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 0,5% em 2022.
No documento, o BC disse que o conflito entre Rússia e Ucrânia gerou aperto significativo nas condições financeiras e aumentou a incerteza em torno do cenário econômico, reafirmando que os choques provocados pela guerra podem exacerbar pressões inflacionárias.
"O conflito armado aumentou a aversão global ao risco, elevando, consequentemente, os prêmios embutidos nos preços dos ativos financeiros, e deve impactar severamente a economia russa e seus principais parceiros comerciais", disse.
Para o BC, o novo cenário traz pressão adicional aos preços das commodities e de insumos energéticos e cria novos desafios para o comércio mundial.
"A escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia e as sanções aplicadas tendem a impactar a logística e o comércio da região, com possíveis efeitos globais relevantes", apontou.
O documento destaca que, embora o Brasil tenha reduzida corrente de comércio com Rússia e Ucrânia, as importações brasileiras de adubos e fertilizantes dos dois países são expressivas. Com isso, para o BC, choques permanentes na oferta desses insumos podem ter implicações negativas para o plantio agrícola nos próximos trimestres.
Recuperação da atividade
Sobre a economia brasileira, o BC disse que o quarto trimestre de 2021 teve crescimento acima do esperado e que é aguardada uma recuperação de indicadores em fevereiro e março após recuo da atividade em janeiro.
"Adicionalmente, mantém-se perspectiva favorável para alguns setores específicos, como a agropecuária e as atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação dos impactos negativos da pandemia", afirmou.
A autoridade monetária ponderou que, em sentido oposto, a escassez de matéria-prima ainda é um fator limitante para a indústria e que a alta de commodities e importados (embora atenuada pela valorização do real) pode ser considerada um novo choque de oferta com impacto de alta na inflação e queda da atividade. O documento também citou efeitos das gestões fiscal e monetária.
"O risco fiscal elevado e o processo de aperto monetário em curso continuam impactando as condições financeiras atuais e, consequentemente, a atividade econômica corrente e futura", disse.
Inflação ao consumidor
No relatório, o BC apontou que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada em vários componentes, e mais persistente que o antecipado.
O documento ressaltou que parte significativa da surpresa inflacionária está relacionada a componentes mais voláteis, em especial combustíveis e alimentos, mas também houve surpresa em itens associados à inflação subjacente, que elimina componentes transitórios e indica a tendência para os preços.
Taxa básica de juros
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1 ponto na reunião de maio, em continuidade ao ciclo de alta para levar a taxa básica de juros a território ainda mais "significativamente contracionista" para conter a inflação.
Atualmente a taxa básica de juros está em 11,75% ao ano.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.