Biden: EUA fornecerá gás para ajudar Europa com dependência russa em meio a 'guerra brutal'
Os Estados Unidos fornecerão à União Europeia mais gás natural liquefeito (GNL) para ajudar a reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, disse o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta sexta-feira, em meio a uma reunião dos líderes da União Europeia para lidar com uma crise de energia desencadeada pela guerra.
O pacto, anunciado durante uma visita de Biden a Bruxelas, segue-se a um dia de três cúpulas na cidade, onde os líderes se reuniram para tratar da invasão russa da Ucrânia e ofereceram novo apoio a Kiev.
"Estamos nos unindo para reduzir a dependência da Europa da energia russa", disse Biden aos repórteres. "Não devemos subsidiar o ataque brutal de Putin à Ucrânia."
A Rússia fornece 40% das necessidades de gás da União Europeia e mais de um quarto de suas importações de petróleo.
"Como vocês sabem, nosso objetivo é reduzir nossa dependência da Rússia", disse Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, em entrevista coletiva conjunta com Biden.
"O compromisso dos Estados Unidos de fornecer à UE pelo menos 15 bcm (bilhões de metros cúbicos) adicionais de GNL este ano é um grande passo nessa direção", disse ela, acrescentando: "Estamos determinados a nos opor à guerra brutal da Rússia".
Entretanto, como as usinas norte-americanas já estão produzindo GNL em plena capacidade, os analistas disseram que a maior parte do gás adicional que vai para a Europa teria que vir de exportações que teriam ido para outras partes do mundo.
O objetivo a longo prazo seria garantir, pelo menos até 2030, cerca de 50 bcm por ano de GNL adicional nos EUA, disseram Von der Leyen e Biden.
CONTAS DE ENERGIA
A invasão da Ucrânia pelo maior fornecedor de gás da Europa aumentou ainda mais os já elevados preços da energia e fez com que a UE se comprometesse a reduzir o uso de gás russo em dois terços este ano, através da elevação de importação de outros países e do aumento de uso de energias renováveis.
Os líderes da UE discutirão nesta sexta-feira o que mais podem fazer para controlar as altas contas de energia.
"A UE não se trata apenas de grandes princípios, grandes reuniões e presidentes americanos", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, aos repórteres na chegada para um segundo dia de uma cúpula de líderes da UE.
"Hoje é sobre as questões cotidianas do povo e isso é a fatura de eletricidade e gás do povo, e esse é o impacto que vemos hoje dessa guerra na Ucrânia... então precisamos intervir", disse ele, acrescentando que a UE deveria entrar no mercado de energia para reduzir os preços.
A Espanha, Grécia e outros países defenderão os limites de preços de energia e a intervenção no mercado, enquanto um grupo que inclui a Alemanha e a Holanda vai recuar e procurar atrasar tais medidas, disseram diplomatas.
A questão divisiva de impor ou não um embargo à energia russa, além da série de sanções já aplicadas a Moscou, também surgirá, mas nenhuma decisão é esperada.
Aqueles mais dependentes deste fornecimento —em particular a Alemanha— estão relutantes em dar um passo que teria um grande impacto econômico.
Os 27 líderes também se comprometerão a começar a comprar gás em conjunto e a encher os estoques antes do próximo inverno para construir um amortecedor contra novos choques de abastecimento.
(*Reportagem adicional de John Irish, Sabine Siebold e Benoit Van Overstraeten)
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