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Biden: EUA fornecerá gás para ajudar Europa com dependência russa em meio a 'guerra brutal'

24.mar.2022 - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (à esquerda), e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, participam de encontro da Otan, em Bruxelas, na Bélgica - John Thys/AFP
24.mar.2022 - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (à esquerda), e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, participam de encontro da Otan, em Bruxelas, na Bélgica Imagem: John Thys/AFP

Da Reuters

25/03/2022 08h11Atualizada em 25/03/2022 08h11

Os Estados Unidos fornecerão à União Europeia mais gás natural liquefeito (GNL) para ajudar a reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, disse o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta sexta-feira, em meio a uma reunião dos líderes da União Europeia para lidar com uma crise de energia desencadeada pela guerra.

O pacto, anunciado durante uma visita de Biden a Bruxelas, segue-se a um dia de três cúpulas na cidade, onde os líderes se reuniram para tratar da invasão russa da Ucrânia e ofereceram novo apoio a Kiev.

"Estamos nos unindo para reduzir a dependência da Europa da energia russa", disse Biden aos repórteres. "Não devemos subsidiar o ataque brutal de Putin à Ucrânia."

A Rússia fornece 40% das necessidades de gás da União Europeia e mais de um quarto de suas importações de petróleo.

"Como vocês sabem, nosso objetivo é reduzir nossa dependência da Rússia", disse Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, em entrevista coletiva conjunta com Biden.

"O compromisso dos Estados Unidos de fornecer à UE pelo menos 15 bcm (bilhões de metros cúbicos) adicionais de GNL este ano é um grande passo nessa direção", disse ela, acrescentando: "Estamos determinados a nos opor à guerra brutal da Rússia".

Entretanto, como as usinas norte-americanas já estão produzindo GNL em plena capacidade, os analistas disseram que a maior parte do gás adicional que vai para a Europa teria que vir de exportações que teriam ido para outras partes do mundo.

O objetivo a longo prazo seria garantir, pelo menos até 2030, cerca de 50 bcm por ano de GNL adicional nos EUA, disseram Von der Leyen e Biden.

CONTAS DE ENERGIA

A invasão da Ucrânia pelo maior fornecedor de gás da Europa aumentou ainda mais os já elevados preços da energia e fez com que a UE se comprometesse a reduzir o uso de gás russo em dois terços este ano, através da elevação de importação de outros países e do aumento de uso de energias renováveis.

Os líderes da UE discutirão nesta sexta-feira o que mais podem fazer para controlar as altas contas de energia.

"A UE não se trata apenas de grandes princípios, grandes reuniões e presidentes americanos", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, aos repórteres na chegada para um segundo dia de uma cúpula de líderes da UE.

"Hoje é sobre as questões cotidianas do povo e isso é a fatura de eletricidade e gás do povo, e esse é o impacto que vemos hoje dessa guerra na Ucrânia... então precisamos intervir", disse ele, acrescentando que a UE deveria entrar no mercado de energia para reduzir os preços.

A Espanha, Grécia e outros países defenderão os limites de preços de energia e a intervenção no mercado, enquanto um grupo que inclui a Alemanha e a Holanda vai recuar e procurar atrasar tais medidas, disseram diplomatas.

A questão divisiva de impor ou não um embargo à energia russa, além da série de sanções já aplicadas a Moscou, também surgirá, mas nenhuma decisão é esperada.

Aqueles mais dependentes deste fornecimento —em particular a Alemanha— estão relutantes em dar um passo que teria um grande impacto econômico.

Os 27 líderes também se comprometerão a começar a comprar gás em conjunto e a encher os estoques antes do próximo inverno para construir um amortecedor contra novos choques de abastecimento.

(*Reportagem adicional de John Irish, Sabine Siebold e Benoit Van Overstraeten)