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Indicado ao BC diz ser empático à preocupação com lucro elevado de bancos

Sede do Banco Central, em Brasília - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Sede do Banco Central, em Brasília Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Bernardo Caram

Brasília, Reuters

05/04/2022 11h28

O economista Renato Gomes, indicado ao posto de diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, disse nesta terça-feira ser empático à preocupação sobre o lucro elevado de bancos, citando ações já adotadas pela autoridade monetária para aumentar a competitividade no setor.

Em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gomes disse que a rentabilidade dos bancos brasileiros é maior do que em várias economias desenvolvidas, como França, Alemanha e Estados Unidos, mas menor que em países em desenvolvimento, como África do Sul e Turquia.

Entre as medidas apontadas por ele como iniciativas já adotadas nessa área, ele afirmou que o open banking aumentará a competitividade no setor ao permitir o compartilhamento de dados de clientes entre as instituições. Também citou a facilitação de acesso a novos participantes.

"Acredito que os níveis de concentração vão diminuir muito, o Banco Central tem uma atuação ativa para fintechs", disse.

Tributação de pagamentos

Gomes afirmou que tributar pagamentos "é uma ideia não tão boa" porque gera distorções.

A declaração foi feita após questionamento do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que defendeu a adoção de medidas para controlar a forte entrada no Brasil de companhias chinesas de varejo eletrônico.

A tributação de pagamentos estava nos planos da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas não foi apresentada diante das resistências dentro e fora do governo.

Na avaliação do economista, é distorcivo e lastimável para o país que plataformas estrangeiras tenham acesso ao mercado brasileiro sem tributação. Para Gomes, no entanto, essa seria uma questão tributária, não de regulação do Banco Central. Ele disse acreditar que uma participação das instituições de pagamento poderia ocorrer na parte de fiscalização.

Em relação aos criptoativos, ele afirmou que é necessário haver regulação prudencial para que instituições financeiras não tenham seus balanços contaminados por esses ativos voláteis.

Gomes foi indicado em outubro do ano passado para ocupar a vaga deixada por o João Manoel Pinho de Mello. Professor da Escola de Economia de Toulouse e pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique, ele é bacharel e mestre pelo Departamento de Economia da PUC-Rio e PhD em economia pela Northwestern University.