BNDES confia em privatização da Eletrobras mas alerta para oferta até meados de julho
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) -O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou nesta quinta-feira que está confiante na aprovação da capitalização da Eletrobras no Tribunal de Contas da União (TCU), mas alertou que, para a oferta de ações ser bem sucedida, teria que ocorrer antes de meados de julho.
O executivo espera que a votação seja retomada na semana que vem no TCU e que ela seja conduzida de forma técnica, conforme declarações dadas a jornalistas.
Ele ressaltou que a partir da segunda metade de julho começa o período de férias no Hemisfério Norte e de menor liquidez no mercado, desta forma, a próxima janela ideal para a realização da oferta seria antes deste intervalo.
"Uma vez começado o verão no Hemisfério Norte, é muito pouco usual que se tenha oferta de ações sendo colocada", disse ele após entrevista sobre o resultado recorde do banco no primeiro trimestre.
"A partir da segunda quinzena de julho até primeira quinzena de setembro, é muito pouco usual fazer ofertas por conta do verão no mercado. Os mercados ficam com menos liquidez", acrescentou, citando o período do atual cronograma para a oferta.
A primeira janela para privatização da estatal foi desperdiçada após o ministro Vital do Rêgo do TCU pedir vistas na sessão do mês passado. A previsão é que a votação seja retomada na semana que vem, apesar de o ministro pedir uma auditoria nas provisões feitas pela Eletrobras.
A privatização da elétrica vem sendo discutida há anos e o governo tenta viabilizar a operação em 2022, mas alguns pré-candidatos têm questionado a operação e ameaçam reverter a venda caso ela seja efetivada.
"Estamos muito seguros da estrutura montada de proteção da operação da Eletrobras de eventual 'take over' (oferta bem-sucedida) público ou privado. Qualquer governo pode fazer proposta para comprar aquela empresa em bolsa, se tiver uma política pública que BNDES ou governo queira comprar empresas privadas pode ser feito", disse Montezano.
"Judicialmente, estamos seguros da estrutura montada e desconheço no Brasil qualquer privatização desfeita… se tiver no Brasil regras e contratos que podem ser desfeitos, quem perde é o cidadão com menos emprego e capital", frisou o presidente do BNDES.
PETROBRAS
O ministro do Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniram nesta quinta-feira para discutir o encaminhamento de eventuais privatizações da estatal do pré-sal PPSA e da Petrobras, duas das primeiras medidas do novo líder do MME à frente da pasta.
O presidente do BNDES afirmou, no entanto, que ainda não foi procurado formalmente pelo PPI para iniciar estudos sobre a modelagem de privatização da Petrobras.
O BNDES tem sido um coordenador para o governo para concessões e privatizações.
Montezano praticamente descartou a possibilidade de que uma modelagem seja concluída neste ano, visto que o menor prazo já conseguido pelo banco para modelar e realizar uma desestatização foi de 15 meses.
Ele acrescentou que a eventual venda da petroleira também precisa passar pelo debate político e pelo Congresso.
"Qualquer privatização é uma operação delicada, sofisticada, com impactos políticos e para a sociedade. Temos que ter cuidado, cautela e parcimônia", disse Montezano, ressaltando ainda que a Petrobras é um "ativo complexo" e, portanto, não seria possível cravar uma data para um processo de desestatização.
(Edição de Nayara Figueiredo)
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