Corte artificial de preço da gasolina pode inviabilizar mercado, diz CEO da Raízen
O Brasil não possui espaço para cortes nos preços da gasolina, que já estão com grande defasagem em relação ao mercado internacional, disse nesta quarta-feira o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, ressaltando que discussões sobre mudança de impostos "fazem mais sentido" para aliviar os custos aos consumidores.
Segundo ele, uma eventual redução artificial no preço traria dificuldades para o mercado ser atendido, diante da forte demanda que viria, enquanto as importações hoje são inviabilizadas pela defasagem do valor interno da gasolina em relação ao exterior.
"Se tiver uma política de cortar o preço da gasolina por baixo no Brasil, o Brasil não tem capacidade para atender toda a demanda, vai ter que importar... e a gasolina importada está muito mais cara do que a gasolina do mercado local", disse ele.
O CEO não entrou em detalhes sobre a defasagem da cotação da gasolina da Petrobras em relação ao preço externo. Alguns analistas apontam que o combustível vendido pela estatal está mais de 20% abaixo do valor internacional.
"Então, qualquer discussão dos impostos faz mais sentido", acrescentou, em referência ao projeto de lei que fixa um teto de 17% para a cobrança do ICMS sobre combustíveis.
Mussa ainda afirmou que debates "artificiais" acerca de mudanças que tragam reduções maiores aos preços da gasolina —produto que compete com o etanol hidratado nas bombas— são prejudiciais ao Brasil, que não consegue atender toda sua demanda e precisa importar combustíveis.
Nesta semana, o governo federal decidiu trocar o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, após apenas 40 dias do executivo na posição, e indicou Caio Paes de Andrade para o cargo em meio a duras críticas contra a políticas de preços de combustíveis por Bolsonaro.
Reportagem da Reuters mostrou que a decisão veio depois que a petrólífera se recusou a vender combustíveis com desconto aos consumidores, alertando que isso levaria à escassez de diesel.
O CEO da Raízen concordou que há risco de escassez do diesel, em decorrência da extensão da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os russos são importantes fornecedores de petróleo e o conflito levou a saltos nos preços internacionais e incertezas de oferta.
Mussa destacou, no entanto, que o risco de falta do diesel ainda pode ser considerado "controlado", mas o cenário é muito complexo.
"Hoje, a questão de diesel e gasolina no mundo é uma discussão global... Não dá para você fazer uma discussão só do Brasil", pontuou.
Independente disso, ele ressaltou que a prioridade da Raízen é garantir o abastecimento, e que a companhia trabalha para que não falte o produto. "Já falamos isso ao governo."
"É difícil fazer qualquer previsão de cenário, (mas) a gente já navegou em diversos cenários e a gente navega bem em qualquer cenário", afirmou sobre o desempenho da companhia.
Sobre a safra atual, em que o setor ampliou as apostas no etanol, em detrimento do açúcar, o CEO da Raízen pontuou que o mix de produção da companhia ainda é um pouco mais açucareiro e uma eventual mudança dependeria do andamento dos preços ao longo da temporada.
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