Ibovespa fecha dia em alta com apoio dos EUA, mas tem perda na semana
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, com dados norte-americanos e declarações de autoridades do Federal Reserve proporcionando algum alívio nas preocupações com o ritmo do aperto monetário nos EUA, que minaram os mercados durante a semana.
Índice de referência no mercado financeiro brasileiro, o Ibovespa subiu 0,45%, a 96.551,00 pontos, mas acumulou na semana perda de 3,73%. No pior momento do pregão, chegou a 95.266,94 pontos, renovando mínima desde novembro de 2020.
O volume financeiro somou 20,5 bilhões de reais, em sessão também foi marcada pelo vencimento de contratos de opções sobre ações na B3. A média diária no ano é de 29,6 bilhões de reais e no mês, de 21,9 bilhões.
Na visão do gestor de renda variável Naio Ino, da Western Asset, a alta na sessão foi um "respiro técnico" depois de uma semana difícil, quando se colocou na mesa a possibilidade de um aumento de 100 pontos-base no juro norte-americano.
Tal perspectiva ganhou força após dados na quarta-feira mostrarem que a inflação ao consumidor nos EUA saltou em junho a 9,1%, maior taxa anual mais de quatro décadas.
Nesta sessão, porém, o noticiário norte-americano foi mais apaziguador nesse sentido.
Pesquisa preliminar com consumidores da Universidade de Michigan para julho mostrou que os consumidores veem a inflação em 5,2% em um horizonte de um ano, menor do que os 5,3% de junho e percentual mais baixo desde fevereiro.
Além disso, autoridades do Federal Reserve sinalizaram que provavelmente manterão um aumento de 75 pontos-base na taxa de juros no final do mês.
Em Wall Street, o S&P 500 avançou 1,92%, encontrando apoio ainda em dados melhores do que o esperado sobre as vendas no varejo nos EUA e resultados corporativos, o que beneficiou a bolsa brasileira.
De acordo com analista Sidney Lima, da casa de análise Top Gain, o mercado vinha "apanhado" há alguns dias por causa dos temores sobre a velocidade da alta dos juros nos EUA para combater a inflação e essas notícias trouxeram um certo alívio.
Um eventual movimento mais agressivo do Fed em sua política monetária para combater a alta dos preços tem preocupado agentes financeiros por causa da chance de uma recessão nos EUA, com reflexos em outras economias.
No Brasil, Lima destacou como componente negativo na semana a PEC dos Benefícios, promulgada pelo Congresso Nacional na véspera, que referenda receios fiscais, dado que terá um impacto de 41,25 bilhões de reais nas contas públicas.
DESTAQUES
- GERDAU PN subiu 5,94%, revertendo a perda acumulada na semana até a véspera, com o setor siderúrgico como um todo na ponta positiva. USIMINAS PNA avançou 4,1% e CSN ON fechou em alta de 2,9%.
- VALE ON encerrou com acréscimo de 0,62%, acompanhando a melhora nos mercados, apesar de nova queda nos preços do minério de ferro. Na semana, a ação da mineradora acumulou um declínio de 9,32%, maior queda semanal desde abril.
- BB SEGURIDADE ON subiu 4,21%, ainda sob efeito de perspectivas favoráveis para os resultados do segundo trimestre. Analistas do JPMorgan elevaram a recomendação dos papéis para "overweight".
- HAPVIDA ON caiu 5,22%, com o setor de saúde no lado negativo após aprovação pelo Congresso Nacional da criação de piso salarial para enfermagem. QUALICORP ON perdeu 3,50% e REDE D'OR ON recuou 2,94%.
- BRF ON caiu 4,43%, com realização de lucros após subir 4,9% nos últimos três pregões, o que ampliou a alta no mês para 19,6% até a véspera. No ano, o papel ainda acumula uma perda de 31%.
- PETROBRAS PN encerrou com elevação de 1,71%, acompanhando a melhora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em alta de 2%.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,81% e BRADESCO PN subiu 0,61%, reforçando a melhora do Ibovespa.
- XP INC subiu 3,06% em Nova York, após divulgar que fechou o segundo trimestre com um total de 846 bilhões de reais em ativos sob custódia, 4% acima de um ano antes, com captação líquida de 174 bilhões de reais.
- MAGAZINE LUIZA ON perdeu 4,47%, em nova sessão de fraqueza entre varejistas, com VIA ON recuando 3,23% e AMERICANAS ON cedendo 2,16%.
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