Dólar vai acima de R$5,20 em meio a cautela com Fed; mercado digere dados dos EUA e IBC-Br
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha alta contra o real na manhã desta quinta-feira, à medida que temores sobre um aperto monetário muito agressivo por parte do banco central norte-americano continuavam impondo cautela, enquanto investidores digeriam dados econômicos melhores do que o esperado tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Às 10:20 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,71%, a 5,2154 reais na venda.
Na B3, às 10:20 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,94%, a 5,2370 reais.
A moeda norte-americana, que abriu o pregão com alta bem mais tímida, começou a ganhar fôlego após as 9h30 (de Brasília), depois que o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo do país aumentaram 0,3% no mês passado, superando a expectativa em pesquisa da Reuters de estabilidade sobre julho.
"Uma leitura acima do esperado sugere uma aceleração econômica, e pode motivar uma expectativa de alta nos juros futuros dos EUA, o que direciona o fluxo de capital para lá (EUA), ocasionando uma alta do dólar ante o real", disseram em nota estrategistas da Travelex.
O dólar foi impulsionado globalmente mais cedo nesta semana em meio a projeções cada vez mais agressivas para a conduta de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano.
Depois que dados de inflação ao consumidor dos EUA de terça-feira surpreenderam para cima, os mercados passaram a dar como praticamente certa a adoção de aumento de juro de 0,75 ponto percentual na reunião de setembro do Fed, com pequenas chances de haver ajuste ainda mais agressivo, de 1 ponto completo.
Colaborando ainda mais para essas apostas, uma leitura separada desta quinta-feira mostrou queda nos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA, o que reforça um cenário de força do mercado de trabalho. Economistas acreditam que o Fed precisará permitir perdas de emprego para que possa ter sucesso em sua missão de reduzir a inflação.
O banco central norte-americano, que já subiu sua taxa básica de juros em 2,25 pontos percentuais desde março deste ano, se reúne para deliberar sobre a política monetária na semana que vem, nos dias 20 e 21.
No Brasil, fornecendo algum alívio a investidores, dados mostraram que o indicador da atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) de julho subiu 1,17% sobre o mês anterior, resultado bem acima do esperado.
"Para a economia e para o país toda melhora é bem-vinda, apesar da pressão que possa vir por juros altos por mais tempo", disse Sergio Machado, sócio e gestor da Trópico, em publicação do Twitter sobre o resultado do IBC-Br. "Não podemos esquecer que acompanhado de um crescimento maior temos as inflações perdendo força."
A taxa Selic está atualmente em 13,75%. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fará reunião na semana que vem, nos mesmos dias que o encontro do Fed. A maior parte dos mercados (60%) acredita na manutenção dos juros básicos no patamar atual, segundo probabilidades implícitas em contratos futuros, mas consideráveis 40% enxergam elevação da Selic a 14% neste mês.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista teve queda de 0,22%, a 5,1787 reais na venda.
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