Ferrero prevê crescer 30% no Brasil com vendas acima do mercado
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A italiana Ferrero, terceira maior companhia do setor de chocolates no Brasil, projeta crescimento de 30% nas vendas de seus produtos no país em 2022, mantendo uma forte trajetória registrada nos últimos anos, à medida que colhe resultados de investimentos e da demanda por produtos como a Nutella.
A empresa, dona também de marcas como Ferrero Rocher, Kinder e Tic Tac, aposta ainda nos lançamentos e numa estratégia de "regionalização do varejo" no país, onde obteve crescimento de 50% nos últimos dois anos, o que ajudou a multinacional a posicionar o Brasil entre seus dez maiores mercados.
A demanda por Nutella foi tamanha no período em que as pessoas ficaram mais em casa durante a pandemia que a Ferrero teve de fazer investimentos de 24 milhões de reais em expansão na fábrica de Poços de Caldas (MG), que completa 25 anos em 2022, e ainda contar com importações do creme de avelã para atender os consumidores, revelou a empresa.
"A Ferrero aposta que o Brasil é um dos países-chave para o seu negócio e vem mantendo os planos de investimentos no país. Por isso, diante de cenário vivenciado pelos consumidores brasileiros, a tática da Ferrero tem sido a adaptação", disse o CEO da Ferrero para a América do Sul, Max de Simone, em nota antecipada à Reuters.
"Entendemos a limitação do bolso do consumidor e criamos alternativas e formatos diferenciados, mantendo o padrão de qualidade, essência da marca", acrescentou ele, referindo-se a embalagens de Ferrero Rocher com quatro unidades, em vez da de oito.
De uma maneira geral, o mercado de chocolate está forte no país, com a produção tendo crescido mais de 11% no primeiro semestre, informou na véspera a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).
O crescimento acima do ritmo do mercado da Ferrero, que em cinco anos dobrou o volume de vendas no país, também tem impulso de lançamentos.
A empresa, que lançou o Kinder Creamy (creme com cacau, leite e flocos de arroz) em setembro no Paraná e Ceará, lançará em outubro o Hanuta (wafer recheado com creme de avelã e cacau), em 17 Estados brasileiros.
O grupo, que ainda não trabalha com cacau do Brasil pela característica da amêndoa nacional e sua compatibilidade com o "blend" do chocolate da Ferrero, programa outros lançamentos no país para o primeiro trimestre de 2023, disse a companhia, sem dar detalhes.
REGIONALIZAÇÃO
Para entender como consumidores reagem e quais produtos têm mais aderência entre os clientes de cada localidade, a Ferrero --terceiro maior produtor global de doces e chocolates-- está investindo em uma estratégia de regionalização no Brasil.
"É ainda uma forma de garantir um controle de qualidade mais preciso, já que garantimos que os chocolates sejam sempre vendidos em condições mais adequadas em cada região", disse a companhia de mercearia fina, que não vende alguns itens em regiões mais quentes para não correr riscos de qualidade.
De outro lado, nos últimos anos, a Ferrero também reforçou negócios em um portfólio capaz de resistir a altas temperaturas, como é o caso de Kinder Joy, Nutella B-Ready, Tic Tac e a própria Nutella.
(Por Roberto Samora)
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