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Ibiuna prefere pouco envolvimento com ativos locais cautelosa com "novo governo, velhas ideias"

06/01/2023 15h51

SÃO PAULO (Reuters) - A Ibiuna Investimentos, que tem entre seus sócios ex-diretores do Banco Central, decidiu manter o viés cauteloso e baixo envolvimento com ativos brasileiros no momento, citando fundamentos fiscais frágeis, que unem endividamento elevado, baixo crescimento potencial e altos juros reais.

"Novo governo, velhas ideias. Tudo o que vimos na área econômica durante o período de transição aponta para uma diretriz similar ao implementado pelo governo do PT no período 2011-2015 com resultados amplamente conhecidos", afirmou em carta a clientes, com perspectivas para o primeiro mês de 2023.

Como uma "pequena amostra", a gestora elenca forte expansão de gastos correntes, alta da carga tributária, busca de crescimento via intervenção estatal, reversão de privatizações, a volta do crédito subsidiado, tentativa de reversão ou enfraquecimento de marcos legais importantes, entre outros.

"Difícil ver como essa agenda elevará a produtividade da economia e resultará em maior crescimento sustentado", afirmou, destacando a forte elevação de prêmios de risco e um aperto adicional relevante de condições financeiras, acentuando a tendência de esfriamento da economia brasileira em 2023.

Esse ambiente, afirma, justifica a continuidade de uma postura de cautela e baixo envolvimento com os ativos brasileiros nesse momento. Apesar dos prêmios de risco elevados, vê a gestora, os fundamentos fiscais são frágeis, unindo endividamento elevado, baixo crescimento potencial e altos juros reais.

"Essa é reconhecidamente uma combinação vulnerável diante de um governo que foi eleito prometendo uma extensa agenda de gastos, tem urgência em gastar mas não parece ter pressa em avançar na definição de um regime fiscal consistente", avalia a Ibiuna, que tem pouco menos de 38 bilhões de reais sob gestão.

No exterior, especificamente Estados Unidos e Europa, a gestora, que tem no seu quadro os ex-BCs Rodrigo Azevedo e Mário Torós, se mostra cética quanto a uma rápida desinflação e expectativa de taxas terminais de juros no corrente ciclo mais altas do que atualmente precificado pelos mercados.

"Já na periferia do G10 e no mundo emergente, os ciclos de alta parecem ter colocado taxas de juros em patamar mais restritivo, criando condições para que, passado o pico da inflação, sua trajetória de queda se mostre mais consistente", acrescentou.

Para a Ibiuna, um risco relevante no radar é o potencial impacto inflacionário via commodities de uma reabertura rápida e consistente da China.

(Por Paula Arend Laier)