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Volume de serviços do Brasil fica estável em novembro e aponta perda de fôlego

29.out.20 - Garçom trabalha na esquina das avenidas Ipiranga e São João - Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
29.out.20 - Garçom trabalha na esquina das avenidas Ipiranga e São João Imagem: Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Camila Moreira

12/01/2023 09h06

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O setor de serviços brasileiro registrou estabilidade em novembro, no segundo mês seguido sem crescimento do volume, indicando perda de fôlego em um ambiente de juros altos e desaceleração global.

O resultado, após queda de 0,5% em outubro, foi mais fraco do que a expectativa em pesquisa da Reuters, que apontava um avanço de 0,2%.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira que, após o dado, o setor ficou 10,7% acima do patamar pré-pandemia, mas está 0,5% abaixo do recorde alcançado em setembro de 2022.

Na comparação com novembro do ano anterior, houve expansão de 6,3%, enquanto economistas esperavam alta de 6,2%.

“Temos que ver que estamos vindo de um recorde em setembro. Há uma perda de fôlego depois de aumentos sucessivos que levaram ao pico. Há uma clara perda de fôlego, mas não dá para dizer que seja um inflexão", avaliou o analista da pesquisa, Luiz Almeida, lembrando que, de março a setembro, o índice acumulou crescimento de 5,8%.

“Novembro teve movimentos de paralisações no país e o transporte terrestre caiu, e pode ter a ver com as manifestações. Além disso, a Black Friday não veio como se esperava e isso movimentou menos cargas", completou Almeida, destacando que as atividades que vinham se mostrando como pilares do setor -- tecnologia da informação e transporte de cargas-- tiveram desaceleração do crescimento nos últimos meses.

No entanto, o acumulado do ano até novembro mostra que o setor tem expansão de 8,5% do volume, e deve ter encerrado 2022 no campo positivo, de acordo com Almeida.

No mês, três das cinco atividades investigadas tiveram recuo no volume, com destaque para a queda de 0,7% de serviços de informação e comunicação, depois de avançar 5,1% no acumulado do período de julho a outubro.

Esse resultado foi influencido principalmente pela contração de 4,1% do setor de tecnologia da informação, depois de quatro meses de alta.

O segundo impacto negativo no índice de novembro foi da queda de 2,2% de outros serviços, seguido da retração de 0,8% nos serviços prestados às famílias.

"Há uma perda de fôlego nos serviços prestados às famílias, e é possível que tenha a ver com perda poder aquisitivo e renda”, disse Almeida.

Os resultados positivos foram registrados por transportes, de 0,3%, e serviços profissionais, administrativos e complementares, de 0,2%.

O índice de atividades turísticas, por sua vez, recuou 0,1% frente a outubro, segundo resultado negativo seguido, acumulando nesse período contração de 2,7%.

O segmento de turismo, assim, ainda está 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, pré-pandemia, e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, de fevereiro de 2014.

Analistas projetam que o final de 2022 foi fraco para os serviços, depois de se favorecerem da reabertura no pós-pandemia, uma vez que, assim como o restante da economia, passa a sentir com mais forças os efeitos defasados da elevação nos juros no país.

A fraqueza de serviços acompanha os resultados da indústria e das vendas no varejo em novembro, com ambos apresentando quedas.

"A estabilidade (de serviços) registrada em novembro reforça a tendência de desaceleração do setor e da perda de ritmo da atividade econômica que já são sentidos mais fortemente no comércio e na indústria", avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

"Isso acontece porque os efeitos da reabertura econômica, que ajudaram a impulsionar o indicador até o terceiro trimestre, estão praticamente esgotados."