Haddad descarta recessão e culpa governo Bolsonaro por queda do PIB no 4o tri
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira não trabalhar com a possibilidade de recessão econômica e afirmou que a retração do PIB verificada no último trimestre de 2022 é um reflexo da alta dos juros promovida pelo Banco Central em reação a medidas tomadas pelo governo anterior no período eleitoral.
"Todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB. Neste momento, ela está descendente", afirmou Haddad a jornalistas na portaria do ministério.
Ele disse que não trabalha com a perspectiva de uma recessão, que pode ser caracterizada por dois trimestres consecutivos de retração da atividade. "Mas evidentemente a manutenção das taxas nesse patamar enseja...uma desaceleração da economia", acrescentou.
Os comentários vieram depois de o IBGE ter informado mais cedo que o Produto Interno Bruto (PIB) do país encolheu 0,2% no quarto trimestre de 2022 sobre o trimestre imediatamente anterior, mas acumulou no ano uma alta de 2,9%.
Mais tarde, o ministro voltou a comentar o desempenho do PIB, reiterando que o quadro desfavorável ao governo passado nas eleições levou a administração a tentar reverter a situação "de forma desesperada".
"E isso trouxe consequências para todos nós", disse Haddad, acrescentando que o cenário levou o BC a tomar decisão muito drástica de levar os juros a patamar elevado para reduzir a inflação.
"Temos que harmonizar, como eu sempre digo, a política fiscal e a política monetária, para que o Brasil não desacelere, mas, pelo contrário, retome as suas atividades econômicas com preocupação com o crédito e o investimento, que é isso o que nós estamos buscando. Não é só abaixar os juros, é fazer o que estamos fazendo."
Questionado sobre a política de preços para os combustíveis, Haddad disse que o tema está sendo tratado pelo Ministério de Minas e Energia e que a ideia é "encontrar alternativas para que não pese no bolso do consumidor as eventuais variações de preço internacional que penalizaram muito o consumidor no último governo".
(Por Victor Borges, texto de Isabel Versiani)
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