Yellen critica China por servir como "obstáculo" no processo de reestruturação da dívida
Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Como maior credor bilateral oficial do mundo, a China deveria participar de um alívio significativo da dívida para os países que enfrentam problemas, mas o país serviu por muito tempo como um "obstáculo" para a ação necessária, disse a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em um importante discurso sobre as relações EUA-China nesta quinta feira.
Yellen disse que os EUA esperam que a China cumpra sua promessa de trabalhar de forma construtiva em questões como alívio da dívida e mudança climática, destacando que os atrasos na reestruturação aumentaram os custos tanto para os mutuários quanto para os credores.
Falando na Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, Yellen comemorou a recente provisão da China de garantias de financiamento críveis para o Sri Lanka, mas disse que Washington continua a pedir a "participação total" da China no tratamento da dívida para Zâmbia, Gana e outros países.
Os comentários de Yellen foram feitos depois que autoridades financeiras globais de países credores e devedores, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o setor privado se reuniram em Washington na semana passada para discutir sobre maneiras de acelerar os esforços de reestruturação da dívida há muito paralisados. O FMI estima que mais da metade dos países de baixa renda estão perto ou já não conseguem pagar suas dívidas.
A China há muito tempo não se dispõe a aceitar perdas em empréstimos, a menos que os credores do setor privado e os bancos multilaterais de desenvolvimento assumam sua parcela do ônus.
"A participação da China é essencial para um alívio significativo da dívida, mas por muito tempo ela não se moveu de maneira abrangente e oportuna. Ela serviu como um obstáculo para a ação necessária", disse Yellen.
Os Estados Unidos e a China --como as maiores economias do mundo-- têm a responsabilidade de trabalhar juntos para ajudar os mercados emergentes e os países em desenvolvimento que enfrentam problemas de endividamento, afirmou ela.
"O status da China como o maior credor bilateral oficial do mundo impõe a ela o mesmo conjunto inescapável de responsabilidades de outros credores bilaterais oficiais quando a dívida não pode ser totalmente paga", disse a secretária do Tesouro.
Yellen afirmou que Washington trabalha com outras partes interessadas para melhorar o processo da Estrutura Comum do Grupo dos 20 para países de baixa renda e o processo geral de tratamento da dívida, acrescentando: "Resolver essas questões é um verdadeiro teste de multilateralismo".
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