Ibovespa fecha em queda de mais de 2% com aversão a risco antes de Fed
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 2% nesta terça-feira, com as blue chips Vale, Petrobras e Itaú Unibanco recuando fortemente, diante de um ambiente avesso a risco no exterior em véspera de decisão de juros do banco central norte-americano.
Investidores também aguardam o desfecho da reunião de política monetária do Banco Central brasileiro na quarta-feira, principalmente após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltar a justificar na semana passada o atual nível da Selic.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,4%, a 101.926,95 pontos. O volume financeiro na sessão somou 23,5 bilhões de reais.
De acordo com o sócio e estrategista da Meta Asset, Alexandre Póvoa, o pregão na B3 refletiu aversão a risco após o evento da compra do First Republic pelo JPMorgan e à espera do Federal Reserve. "Movimento global", acrescentou.
Reguladores norte-americanos assumiram o First Republic Bank no fim de semana e venderam seus ativos ao JPMorgan na segunda-feira, em um acordo para resolver a maior falência de banco dos EUA desde a crise financeira de 2008.
Na segunda-feira, não houve negociação na bolsa paulista em razão do Dia do Trabalho.
Para o analista Luis Novaes, da Terra Investimentos, os eventos envolvendo o First Republic elevaram o receio dos investidores quanto à possibilidade de novos desdobramentos da recente crise bancária nos EUA, penalizando os ativos de risco.
A equipe da Ágora Investimentos também ressaltou em relatório que, após a aquisição dos ativos do banco pelo JPMorgan, cresceu a percepção de que o Fed talvez não tenha tanta urgência para reduzir o ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos.
O Fed anuncia decisão na quarta-feira, com a previsão no mercado de aumento de 0,25 ponto percentual, que colocará a taxa na faixa de 5% a 5,25%, nível mais alto em quase 16 anos. Investidores estarão atentos a sinais sobre os próximos passos.
Em Wall Street, o S&P 500 caiu mais de 1%.
Também na quarta-feira o Copom anuncia sua decisão de política monetária. E nesse caso as apostas são de manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
Novaes, da Terra, acrescentou que as decisões do Fed e do BC brasileiro também desestimulam posições relevantes, pois uma eventual decisão fora do esperado teria um grande impacto em ativos de risco.
Nesta terça-feira, o BC da Austrália elevou inesperadamente os juros a 3,85%. Na quinta-feira, será a vez de o Banco Central Europeu anunciar sua taxa de juros.
Investidores do mercado brasileiro também começaram maio com a decisão do governo brasileiro de taxar rendimentos no exterior de pessoas físicas no Brasil a partir de 2024, bem como aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF).
A partir desta segunda-feira, o Ibovespa passou a mostrar nova composição, com o retorno dos papéis do IRB Brasil e saída das ações de Ecorodovias, Qualicorp e Pan.
Os próximos dias também serão marcados por uma série de divulgações de balanços de empresas brasileiras.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuou 4,05%, a 22,74 reais, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent fechou em baixa de 5%, a 75,32 dólares o barril. A Petrobras também cortou na véspera o preço médio do querosene de aviação (QAV) vendido a distribuidoras em 11,5%, no terceiro recuo mensal consecutivo do combustível.
- VALE ON caiu 3,95%, a 69,54 reais, acompanhando o movimento negativo de outras mineradoras em mercados no exterior.
- ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em baixa de 3,88%, a 24,9 reais, enquanto BRADESCO PN perdeu 1,44%, a 13,65 reais.
- LOJAS RENNER ON recuou 5,81%, a 14,92 reais, em meio a perspectivas ainda fracas para o desempenho da varejista, que reporta seu resultado dos primeiros três meses de 2023 na quarta-feira. "Esperamos ver mais um trimestre de fraco crescimento e perda de rentabilidade", afirmaram os analistas da Genial Investimentos. No setor, GRUPO SOMA ON perdeu 2,15% e ALPARGATAS PN cedeu 1,62%.
- CARREFOUR BRASIL ON fechou em baixa de 2,88%, a 10,44 reais, com analistas avaliando que fatores macroeconômicos devem continuar pesando no setor de varejo alimentar. A companhia também divulga balanço do período de janeiro a março após o fechamento do mercado nesta terça-feira. ASSAÍ ON mostrou declínio de 3,66% e GPA ON recuou -3,47%.
- VIBRA ON cedeu 6,59%, a 12,33 reais. Analistas do BTG Pactual estimam que o resultado da distribuidora de combustíveis no primeiro trimestre do ano deve ser novamente afetado por eventos não recorrentes, incluindo perdas "consideráveis" em estoques relacionadas a cortes de preços pela Petrobras. Eles também preveem impacto negativo vinculado a importações feitas em dezembro mas contabilizadas em janeiro.
- IRB BRASIL ON disparou 8,48%, a 31,14 reais, no primeiro pregão de volta ao Ibovespa.
- SUZANO ON avançou 2,21%, a 40,68 reais, beneficiada pela alta do dólar ante o real na sessão. O BTG Pactual também incluiu as ações da Suzano em sua carteira recomendada para maio. No setor de papel e celulose, KLABIN UNIT subiu 0,26%.
- RD ON valorizou-se 1,22%, a 26,6 reais, antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre, prevista para a após o fechamento do mercado nesta terça-feira.
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